O destino dos políticos e gestores que trocam o círculo de confiança pelo dos nada confiáveis

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O poder é óbvio por sua natureza. Quem não tem proximidade com quem o tem no momento, mas quer estar junto, vai agir sempre mais rápido. Uma de suas artimanhas é criar dúvidas sobre o círculo que levou o novo inquilino ao poder. Isso vale principalmente para os novatos, os novos-poderosos, que são como os novos-ricos se instalando entre os ricos já estabelecidos de velhos.

Como quem chega lá a primeira vez começa a ver conspiração por todos os lados, o que significa ser acometido por insegurança generalizada – que pode vir disfarçada de demonstrações da arrogância dos que se acham sabedores de tudo -, fica fácil se estabelecer sobre os cadáveres dos que são maquiavelicamente – no pior sentido – eliminados.

Vale tudo. Gravações editadas, fofocas bem tecidas, maledicências pontuais, criação de casos e historinhas negativas sobre o alvo, malabarismos com meias-verdades. Logo o círculo do poder não será o mesmo. O poderoso da vez terá trocado seus antes confiáveis assessores por uma armada renovada. Sem perceber, o prefeito, a prefeita, a governadora, o governador, a senadora ou senador, estarão no centro de uma armadilha, em vez de ser o centro do poder.

A partir daí, o poderoso será, na verdade, um refém. Refém em um jogo perigoso, em que o único a perder será ele próprio. Seu futuro político, seu CPF, sua reputação, tudo estará nas mãos dos novos protetores, que farão de tudo para agradar, de um lado, e, de outro, esconder a realidade enquanto fazem a sua particular gestão da gestão. Contratos, licitações, imagem, pagamentos, nada escapará de seu arco de aliança no poder.

Normalmente, quando o eleito percebe, ou mesmo descobre, o que está acontecendo, nada mais pode fazer. Ou, se faz, o que fizer acabará contando-se contra ele próprio. E o espanto com a descoberta de que, comandando a trama, estão parentes, soará como mais uma derrota, mais uma demonstração de que sua arrogância inicial e a certeza de que sempre teve o controle nas mãos, era mais que uma ilusão, era uma piada.

Já vi políticos – gestores, em especial – escolheres outro caminho: compactuar. Por vantagem financeira, pela fé de que assim continuarão no poder, para não revelarem ser inocentes úteis. Não importa a razão. Como já vi pessoas idôneas terminarem mandatos com o carimbo de corruptos, para dizer pouco, porque a mensagem que chegou à população foi esta, como resultado de sua comunicação falha. No fim da história, só restará, como vilão, o gestor/político ou a gestora/política. Os verdadeiros vilões passarão ao público como heróis, porque contarão sua própria história.

Uma gestão boa tem sempre no comando um gestor competente e um político habilidoso, ambos no mesmo corpo. Uma gestão ruim é produto de muitos, em um ambiente de caos, mas culpa essencialmente de um: o dono, ou dona, do poder. É bíblico: o incompetente, seja inocente ou não, o que planta, colhe. E se não for inocente, que seja capaz de fugir do outro destino: o inferno na Terra e depois.

* Artigo publicado pela Tribuna do Planalto

Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação Pública de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).
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