Há muita atenção depositada na figura do marqueteiro de campanha. E, de fato, um dos fatores decisivos numa vitória – ou derrota – é o posicionamento da campanha. Pré-campanha, por enquanto. Um candidato bem orientado e a sua estrutura caminhando na direção certa definem uma eleição, em boa parte das vezes. Mas tem duas outras bases de apoio para o candidato que são igualmente fundamentais. A assessoria jurídica e o organizador político, que vem a ser, em nome bonito para os tempos atuais, o gestor da campanha.
Uma boa equipe de advogados faz a diferença. Advogado eleitoral tem características próprias. Ele é parte da gestão e da comunicação, que abrange o marketing. Ele joga com o interesse da campanha, não é artífice da lei pela lei. Sei que me entendem, pelo menos os acostumados com campanha. Pela lei, pode ser batata que a ação não vai dar em nada. Mas para a campanha, a ação vai fazer o barulho necessário e criar o caso sob medida para se ganhar a batalha, enquanto a guerra corre solta. Mais não digo, porque não é coisa que um senhor sério de sociedade séria saia por aí contando.
O coordenador da campanha, gestor, aquele que tudo comanda, é o cérebro com braço forte. Ele tem que ser capaz, e ter a autoridade, de mandar e desmandar. Por isso, tem a responsabilidade e o peso do sucesso e fracasso. Nem todo candidato consegue acertar aqui. Muitas vezes esse comando fica nas mãos de alguém com uma das qualidades necessárias, a confiança, mas sem a outra, decisiva: a competência. Em geral, pode-se dizer que é até possível vencer sem um coordenador, mas com um coordenador ruim, a derrota fica a mais de meio caminho.
O pior dos mundos é quando o candidato se mete a ser gestor da campanha, marqueteiro e advogado de si mesmo. Basta ele se investir de uma dessas funções e a que ele precisa de verdade exercer será comprometida. Candidato precisa ser candidato, e ponto. Esta é a sua tarefa. Mais comum que todas as derrotas, aquela em que o candidato perde por não ser o candidato necessário é a mais comum. Uma dor de cabeça para marqueteiro, por exemplo, é não ser ouvido. Ser contratado, pago a peso de ouro, tudo bem, pode compensar o transtorno do candidato marqueteiro. Mas quem quer perder? Quem quer esta nódoa no currículo?
Lembrei dessas coisas, ensinadas por mestres fazedores de campanha ao longo do tempo, porque vejo muitas pré-campanhas tropeçando por aí justamente porque esse tripé da assessoria nem está montado. O candidato atira pra todo lado, faz um estardalhaço danado e vira nada. Nem melhora sua reputação, nem se forma no jogo. E não sabe o motivo. Melhor: sabe, só que resolveu economizar na hora errada ou acreditou que tudo podia porque Deus ajuda quem cedo madruga. Deus ajuda, mas não faça sua parte pra você ver…
Não há candidato bom sem equipe boa. Os dois precisam funcionar senão um dos lados vai desmoronar na pior hora. É como contratar pesquisa, alterar os números e acreditar neles: pode ser bom, mas vai dar ruim. Equipe boa, diga-se, é a que trabalha visando a vitória, e não a razão do candidato. Equipe que joga contra só produz desastres, crises e revezes. E a culpa aí nem é dela: é do candidato, que, se escolhe gente incompetente para conduzi-lo, pior que todos ele se mostra. Certas economias e decisões em uma eleição não são economias, são tiros no próprio pé.
Me diz com quem andas que eu direi quem você é como candidato, já vaticinava um mestre genial. Claro, ele não falava com palavras tão doces. Jogava logo os dois pés no incauto sonhador. O cara nunca contemporizava com pesadelos. Até hoje. Esse cidadão…
*Texto publicado pelo Diário de Goiás