O senador Vanderlan Cardoso está convicto de que se elege prefeito em Goiânia e sua esposa, Izaura Cardoso, também, em Senador Canedo (ambos PSD). Chegou a enfatizar várias vezes em uma curta conversa com o editor Altair Tavares e eu (veja a entrevista aqui no DG) que vê inclusive mais chances de vitória para Izaura, embora ela nunca tenha disputado nada lá. Ele já foi prefeito do município, e desde então mantém forte domínio político no município.
O argumento para sua esposa ser candidata está assentado em uma visão objetiva do quadro eleitoral local. Ele conta que apoiou dois nomes para a prefeitura, Mizael Oliveira (PRD) e o atual prefeito, Fernando Pellozo (União Brasil), rompeu com ambos e, avalia, o eleitor não confiaria em uma terceira indicação sua. Izaura, neste caso, está mais para uma continuação de seu próprio legado político como gestor. Como se ele estivesse assumindo a administração, e não bancando um sucessor que depois o decepcionaria e ao eleitor.
Vanderlan dá como certa a candidatura de Izaura e como incerta, a sua. “Tá cada vez mais difícil dizer não”, observa, para emendar que só em marca anunciará sua decisão. Ele não vê problema nas duas candidaturas conjuntas. Ambição demais? Um processo natural, diz ele, novamente escorando a base da avaliação na esposa: ela conhece bem o município e não tem mais como impedir. Assim, estabelece que também sua candidatura é natural, visto já ter disputado o mesmo cargo antes e sua presença aqui.
Caso Vanderlan ganhe e Izaura também, Goiânia não terá primeira-dama e Canedo não terá ‘primeiro-damo’. Não ria. Significa muito, isso. Significa que o casal se ocupará de duas cidades ao mesmo tempo, tendo que montar equipes e tomar decisões cruciais para a vida de quase dois milhões de cidadãos. Uma tarefa que se estenderá pelo dia e, quem sabe, pela noite, em casa. A não ser que marquem reunião para falar de problemas comuns dos municípios de dia e quando escurecer decidam ir ao cinema. Onde? Os cones de Goiânia e Canedo que lutem.
O poder de Vanderlan e Izaura será proporcional à missão. Eles terão destaque pelo inusitado da gestão compartilhada ou dividida e é ascendência sobre milhares de servidores e cargos comissionados. Fora os orçamentos. Bilhões de reais. Não será tarefa simples. Não terão vida fácil. Apenas imagine: ambos saindo cedo, um pra comandar Canedo e outro para mandar em Goiânia. Um dia inteiro de decisões. E tem as empresas da família, que serão tocadas por parentes e gestores profissionais, mas que também estarão na linha de preocupação. Imaginem mais: como estarão no fim do dia e no dia seguinte? Como conciliar o casamento com os compromissos oficiais das agendas públicas e sociais, de dois municípios?
Mas e se der errado: perder um, perderem os dois? É tudo ou nada. Aí nem parágrafo tem.
Vanderlan nega futuro em possível negociação com o PT e sua candidata, Adriana Accorsi, e com o governador Ronaldo Caiado, que ainda não definiu seu nome. E quase assume como irreversível sua candidatura na Capital. Mas como ele não bate o martelo, segue nos bastidores a visão de que ele fala em duas candidaturas paralelas para depois fechar em uma, a de Canedo. Pode ser. Ele vê o quadro de outra forma: inevitável que governador e o presidente Lula tenham candidatos no primeiro turno; a hora de conversar é no segundo turno.
*Texto publicado pelo Diário de Goiás