Em defesa do Jornalismo e do ser humano

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O que mais vejo criticarem no jornalismo é uma das bases da profissão, mas também um preceito básico da vida, e é exatamente o que esses mesmos críticos, que não são jornalistas por vocação ou formação profissional, menos praticam na vida: a honestidade.

Honesto é quem busca apurar uma informação completamente, até que o suco seja exatamente puro, e então serve. Como honestos são aqueles que leem, ouvem, veem a toda informação e entenda que todos são falíveis, e não necessariamente desonestos.

Quer dizer: desconfiam, como todos devemos fazer dialeticamente – por exemplo -, mas também confiam na honestidade do que está diante de seus sentidos. Quer dizer: são humanos diante de humanos; são razoáveis ante almas razoáveis.

A primeira coisa que vemos, hoje: julgamento antecipado. Todos os jornalistas, em princípio, são desumanos, ou seja, não carregam moral e virtudes tais; todos os julgadores são formados em juízes do alheio, são infalíveis, inimputáveis e únicos virtuosos donos da moral e dos princípios que justificam os meios que lhes convém.

Nunca estivemos diante de uma discussão sobre bom ou mal jornalismo, e sim de uma exposição de fígados. Vale o dedo apontado, não vale o escrito. Somos pessoas boas ou pessoas más? Somos justos ou injustos com nossas pastas na mão? Temos ou não vocação para a verdade, ou nos compraz viver de estilingue atirando mentiras a esmo, ainda que o mais sejam beija-flores?

Amigos, parentes, conhecidos, que também conhecemos bem, se arvoram no direito bíblico e cívico de nos atirar no abismo de conceitos e determinismos peremptórios, como se não tivessem bunda, e ela não estivesse pra fora. Vivem como vestais da vida alheia, atolados até a língua no fogo do inferno.

Engraçado ver como as contradições dos diabólicos detratores de jornalistas não sensibilizam outros detratores. É trágico. E elementar, posto que é na hipocrisia que se criam os mais ferinos caluniadores do espírito imperfeito das almas criadas por Deus. Deus, na prática, é a arma na boca de pastores e padres inquisidores, pecadores sem a humildade do perdão e da bondade.

Esses nem titubeiam em queimar fiéis em razão de suas ideias, em nome do Pai. Logo eles que deveriam apaziguar e abençoar, pregam o fim dos tempos contra as palavras que os contraiam, usando palavras de ódio em vez de amor. Condenam jornalistas enquanto doutrinam inclusive o voto nos tempos e pecam no dízimo e no atacado de suas cruzadas pelo poder. Jesus salva.

O Jornalismo nunca foi perfeito. Mas desconheço profissão que discuta tanto seus próprios fundamentos. Nunca nos damos por satisfeitos, e aqui está uma de suas maiores belezas. E sempre o furo – o outro, não o do ineditismo – é um só: o ser humano. O ser profissional tem bula, é remediável. Dominar as técnicas e criticar os erros é fácil; difícil é não ser leviano no processo. E isso é humano. Corrija-se o humano, que o ser se aperfeiçoa.

Se você jogar a pedra em suas mãos para o alto e não sair de baixo, qual será a notícia? Para os bíblicos: se você jogar a pedra e colocar-se no lugar do outro, que vai recebê-la, que manchete daria? Se a informação for você e suas consequências, com quais palavras você se reportaria? De posse de sua língua, seus atos e suas redes sociais, que tipo de jornalista você é? O quê, quem, quando, onde, como, por que (e para quê) você vive? Seja honesto. Por sinal (dos tempos): precisa pedir?

Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação Pública de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).
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