Estruturas em campo, vale a vontade do eleitor, que nem sempre vale a urna que tem

em

|

views

e

comentários


Nenhuma leitura de cenário ou projeção de vitória numa eleição vai longe se não é calçada em um ponto, que é óbvio, porém costuma ser negligenciado: a vontade do eleitor.

Candidatos são apresentados com o pressuposto de que reúnem todas as virtudes que a população quer. Mas pouco se observa seus defeitos a partir dos olhos do eleitor.

A vaidade costuma ser um marqueteiro poderoso dos arrogantes, os que se lançam ou os que são lançados em cima de leituras superficiais de pesquisas ou a partir de fé pública no cacife do cacique partidário ou do momento.

Entender a mente e o coração do eleitor é mais importante do que torcer a interpretação da vontade popular para fazer com que ela se adeque ao seu perfil, fazendo parecer que é o contrário.

Essas verdades forjadas duram pouco. Voltamos sempre ao ponto: o que o cidadão quer? Onde mora o voto do eleitor? Como chegar a ele e conquistá-lo? Quem chegar mais perto da resposta, pode ser o eleito; quem acertar no alvo, será o escolhido.

A partir de agora as campanhas (não só em Goiânia) tomarão outro rumo. As estruturas entrarão em campo. Pressão de governantes, número dilatado de candidatos a vereador, recursos extra-campo para turbinar acordos com lideranças pontuais e espalhar nome. Faz parte.

Só elas, porém, não são capazes de eleger. A mesma parafernália que ganha, faz perder, se mal conduzida e se não agrada quem tem que agradar. Bom ter; mas longe de ‘basta ter’ para ganhar. Na Capital, governadores já tentaram impor nomes e não conseguiram.

Estruturas gigantes e poderosas somadas a candidatos que se acham os escolhidos não são garantia de nada. Já vimos esse filme. Exemplos podem ser buscados na história recente e mais antiga. Um deles: a disputa pelo governo, em 2018. Outro? Goiás 1998. Outro? Goiânia 2016.

Seja feita a sua vontade

Tudo morre na vontade do eleitor. No que ele deseja – com a razão, mas, principalmente, vale insistir, com o coração. Não são os bons candidatos ou os bons marqueteiros que ganham as eleições: é o próprio eleitor.

É mais do que óbvio, tudo isso. Porém um desafio para as campanhas. Baixar a bola, ouvir as pessoas, entender o que elas querem – mesmo que não consigam nomear – e comunicar-se com elas, esta a grande questão.

Comunicar-se de corpo inteiro. Comunicar-se completamente, desde os programas na TV ao sorriso sincero nas caminhadas. Ser o candidato o próprio mensageiro da boa nova que fará o cidadão sair de sua casa e ir à cabine depositar sua boa fé. O seu voto de confiança e esperança.

Vende-se

No interior, em municípios pequenos, aqueles em que 50, 100, 200 votos fazem toda a diferença, comprar voto – transferência fraudulenta entra na conta – pode fazer a diferença e derrubar toda essa realidade.

Sabemos. Na Capital, idem. Mas aí não é eleição. É caso de crime praticado a inferno aberto e à luz da irracionalidade humana pelos tais elementos que compram e por aqueles que vendem seu presente e o nosso futuro por moedas.

Merecem cadeia, sem fiança divina e sem direito a falar mal dos políticos depois. Políticos não vão para o céu? Talvez. Quem sabe vão encontrar os políticos que lhes entregaram a alma.

Estrutura é diferencial. Democracia é o bicho. O que importa acima de tudo é a vontade do eleitor. Mas o que não falta é eleitor que não vale a urna que tem.

*Texto publicado pela Tribuna do Planalto

Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação Pública de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).
Compartilhe
Tags

Mais Lidas

Debate raso sobre Goiânia X debate duro entre Sandro Mabel e Fred Rodrigues

O debate sobre Goiânia chama menos atenção que o debate político entre os candidatos a prefeito Sandro Mabel (União Brasil) e Fred Rodrigues (PL)....

Quaest põe Mabel à frente de Fred. Mas bolsonarismo cresce na reta final. Vale para Goiânia e Aparecida

A pesquisa Quaest divulgada pela TV Anhanguera nesta quinta, 17, trouxe uma boa notícia para Sandro Mabel (União Brasil) e um aviso de Fred...

Introdução ao Direito Eleitoral: advogados Marina Morais e Wandir Allan lançam livro na sede do STF

Os advogados especialistas em Direito Eleitoral, Marina Almeida Morais e Wandir Allan de Oliveira, lançarão o livro 'Introdução ao Direito Eleitoral' no dia 9...

Recentes

Relacionados