Os bons, infelizmente, estão vencendo

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Quem está em guerra quando uma guerra começa? E quem conquista a paz? No princípio são os donos do poder. Em nome do povo, da proteção nacional, da fé e da razão própria, bombas são lançadas, armas são empunhadas e brados cortam os céus iluminando o mundo com a causa inconteste de quem luta. Os efeitos são sentidos entre um bunker e outro, entre uma voz de comando e outra, naquele espaço de chão onde a morte cai cheia de vida e destrói tudo em nome. Em nome.

Os diligentes donos dos botões que detonam, das lanças que ultrapassam as carcaças da moralidade, esses senhores do agora ou nunca, tudo ou nada, o corpo passa mas a alma… a alma… a alma repousa na eternidade. Tais elementos representantes de uma gente humilde, a gente destemida na boca deles e temente no coração que nos conduz, esse povo e nós, essa tal de gente, o que temos em comum? O que temos: a existência, desde que a nossa não descarte a guerra em nosso nome, sem contestação.

Mato no peito as balas que chegam do alto, de baixo, que chegam sem cessar de todos os lados, mato no peito e me assassino antes de assassinar meu semelhante soldado, soldado que me fazem. Mato sem estar no campo de batalha, sem ter sangue de um lado ou de outro, mato na distância confortável do sofá diante do celular, mato-me toda vez que me matam de cansaço, de dor, de inglória visão do destino daqueles que estão aqui e entre amar e odiar, se derramam e se afogam na própria infausta coragem.

Venham a mim os puros, o silêncio ecoa, e não há quem possa vir. Venham a mim os de coração, e estes já não existem mais, desistiram do mundo, de si, de tudo, diante daqueles que usam o último suspiro do coração como granada. Não mais os maus, os maléficos, estão de posse do domínio mortal da humanidade. Agora, são os bons que ocupam o lugar de algozes da vida. Eles começam, eles terminam. Os bons derrotam os outros porque são melhores quando estão em guerra. Os bons pioram o mundo em nome do que não são. Os bons, quem diria, estão vencendo a guerra final.

*Texto publicado pela Tribuna do Planalto

Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação Pública de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).
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