A dor tem nome, não pode é ter futuro

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Perder um amigo, um parente, aquela querida colega de trabalho, é dor da vida. A gente sofre, a gente supera. Saber que este amigo, parente, colega, e ainda duas, dez, 500 mil pessoas que se conectam a outras milhares de gente da gente, que se ligam a milhões de desconhecidos no geral mas incrivelmente aqui e ali conhecidos no particular, fazendo-nos povo de um mesmo País, saber que todos se foram por banalidade do mal, assassinados por ignorância, descaso, por um governo que não liga para a dor alheia, que governa desgovernando, é morrer em vida. É dor que enterra a gente.

Não abomino a política. Gosto. Mas entendo perfeitamente o cansaço geral da Nação com os políticos. É um autocansaço. Os políticos são o espelho das urnas. As pessoas apontam neles o que não reconhecem em si. O inadmissível eleito de hoje jamais será voto admitido amanhã. Se na eleição o fogo dos interesses é cruzado, na realidade não há vingança que dê jeito: os eleitos se comprazem, os eleitores comprados se revoltam sem razão de ser, só por falar. A roda gira para não sair do lugar comum. Não há culpa compartilhada, só desculpa calculada.

A dor que sentimos na morte de quem prezamos ou amamos é tão sincera quanto o amor que não compartilhamos na contrapartida dos ataques diários. O próximo é assim só o próximo alvo. Chegamos ao ponto de não ser nem arco nem flecha, mas o ponto de encontro com a ponta, o fim para o qual a arma é o meio que justifica o humano arqueiro com sua desumana intenção – e sobre-humana compulsão para vencer a qualquer custo o debate, os embates e as eleições.

Temos um presidente em exercício da extrema unção popular, acima do bem e do mal. Bolsonaro não se prende a definições, não se derrota pela contradição, e que se alimenta da nossa indignação. Para quem somos meras defecções à esquerda de um Brasil inteiro à disposição de sua boa vontade. Boa, sabe-se, para os seus: seus amigos, seus filhos, seus seguidores de farda, fardão e púlpito.

No ano que vem, a disputa será pelo fim dos tempos. Ou prevalecerá o tempo de Bolsonaro, ou o contrário. Veja o que temos no presente: irresponsabilidade com a vacina, desprezo pelos pobres, conceitos invertidos de existência. A liberdade é o império da direita extrema, a democracia é o império da ordem presidencial, o certo é o que determinam, o próximo é só uma palavra no dicionário, a outra bíblia que também pervertem em nome de Jair. Que futuro é este?

Urgente não é só a derrota de Bolsonaro. É o fim do bolsonarismo. É tirar do poder o seu corpo e do corpo dos que o apoiam, a alma que os domina. É afastar do nosso destino não só a prática da ignomínia, mas também a ideia de que representam o bem. A guerra é corpo a corpo. Um a um. Sejamos guerrilheiros da conquista. E não vamos nos dispersar, pelo amor de Deus, até que a vitória seja mais inconteste que todas as forças armadas do mal: a que se ergue em nome do povo, porém contra o povo.

Cada eleitor tirado de lá é mais um soldado, digo, cidadão de cá, um parente resgatado, um brasileiro que se soma à luta contra as milícias e os mercenários voluntários com espingarda e revólver que se arvoram em nome da nova velha ordem das ditaduras. E dois votos a menos do outro lado: o que se somou ao nosso e o que foi perdido por eles. Não estamos lidando com amadores. Estamos resistindo a odiadores. É um a um por todos e todos contra um. A dor tem nome, não pode é ter futuro. Depois a gente conversa.

*Publicado primeiramente em O Popular.

6 COMMENTS

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