A questão posta com o anunciado – por ele mesmo – recuo de Bruno Peixoto em disputar a Prefeitura de Goiânia, logo ele que é o que mais vem fazendo campanha aberta, está entre dois pontos: os que duvidam de que seja sério, que seria apenas um recuo estratégico, e os que veem aí finalmente a mão firme do governador Ronaldo Caiado, que sempre deixou claro nos bastidores que Bruno não é o seu nome preferido para a disputa.
Se é recuo tático de Bruno, jogada marqueteira, uma estranheza: por que, se ele vem falando tanto em crescimento nas pesquisas e que sua candidatura já estaria na conta das inarredáveis? Uma mudança de rumo repentina nem sempre é movimento estratégico. E essa sua ação no mínimo mostra que sua alardeada candidatura não andava tão bem quanto dizia. Ele recua para ter o aval de Caiado? Bom, isso quer dizer que, de fato, Caiado não o quer e ele faz um último lance. Desesperado? Fragilizado. Ele coloca a faca no pescoço do governador.
Bruno tem sido citado como articulador exímio. Habilidoso, sem dúvida. Mas quanto há de natural o engajamento imediato de lideranças ao seu projeto de candidatura a prefeito? Ou seria fruto do cargo que ocupa com o cofre que abre a fecha quando e como quer, sem fiscalização inclusive dos pares da oposição, todos eles também fechados com suas decisões e distribuições dentro da Assembleia? É pouco ter cacife para bancar festas e apoios de lideranças de bairro. É preciso ter apelo popular.
Entram nessa conta agora os interesses que podem verdadeiramente resolver as disputas internas na base governista. Ronaldo Caiado é o dono do jogo, e o vice, Daniel Vilela, é o fiel escudeiro nessa questão por questão dramática. Eles têm projetos grandes e maiores que vontades particulares de aliados que, de antemão, já estão bem atendidos – por que esses aliados querem mais, se já têm tanto? E o que se faz inegável: a briga na base nem é briga de gente grande. É guerra de miudezas.
Em outras palavras, Bruno, Jânio Darrot e qualquer outro nome que se cite tiveram uma avenida de espaço para se viabilizar desde que a candidata tida como natural, Anal Paula Rezende, recuou por pressão desses mesmos nomes, ainda no início do semestre passado. Eles se viam maiores e menores, mas está claro que nesse meio tempo quem mais se destacou não foram eles, e sim quem está fora. Fora e assistindo tudo de cadeira. Agora é que vamos ver Caiado e Daniel dizerem a que vieram na disputa pela Prefeitura de Goiânia.
A reação na Assembleia Legislativa, onde Bruno puxa a base governista, fechada com seu presidente para ser prefeito, será um indicador do que virá. Vão lutar até perder os dentes por Bruno Peixoto? Caiado joga bruto, e deputados incomodados prometem jogar com a mesma intensidade. Quem tem mais a perder será o primeiro a piscar. Pode ser que Bruno tenha piscado, e não recuado. Ou será que veremos nascer daí uma oposição digna do nome ao governador, que nada nas águas suaves da boa avaliação popular, que as pesquisas lhe dão, como principal respaldo?
*Texto publicado pelo Diário de Goiás