O final do discurso do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) proferido na quinta, 15, durante o retorno dos trabalhos na Assembleia Legislativa foi uma ênfase a um ponto crucial na vida humana e, naturalmente, dos políticos: a vaidade. Palavras dele: todo dia, quando acorda e antes de rezar, pisa na vaidade. A vaidade destrói corações, ambições e reputações, pode-se resumir.
O contexto diz tudo. Naquele momento, estava em curso uma espécie de combinado de pacificação na sua base, com o segundo recuo do presidente da Casa, Bruno Peixoto (UB), de sua pré-candidatura a prefeito de Goiânia, tocada com virulência e fogo amigo, e principalmente, contra a vontade do Caiado.
Ao puxar sua base à realidade – o que incluiu mensagem a Jânio Darrot de que poderá ficar fora da disputa, depois de ser trazido ao jogo pelo próprio -, o governador cortou uma inflamação que crescia e poderia prejudicar fatalmente seu projeto de candidatura à Presidência.
Juízo e caldo de galinha, nessas horas, faz bem a todos. Como faz sentido a frase “vingança é um prato que se come frio”. A vitória imediata é do governador, com meia vitória podendo ser creditada a Bruno Peixoto, que apesar do bis no anúncio de retirada do jogo, continua, visto que, na prática, nada está resolvido entre os governistas e tudo ser, enfim, possível.
Caiado mostra-se um jogador de xadrez, sem paixões na hora da mexida nas peças. Depois é depois, como se diz simulando-se alta sabedoria. Quer dizer: o que ele vai fazer depois de ter conseguido o que queria e precisava, aí é outra história. Não há que se ter coração de freira nessas horas em que a vida, o futuro político, está em jogo. O negócio é foco no resultado e bola pra frente.
Fato: o tabuleiro está armado e Caiado está jogando pra ganhar em Goiânia e, o direito de ser candidato a presidente. E nem vem ao caso discutir agora se vai ou não conseguir. Depois não é depois? Agora é sai de baixo.
*Texto publicado pela Tribuna do Planalto