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Caiado, que apoia Sandro Mabel contra Adriana Accorsi, já apoiou Accorsi, que venceu Mabel e MDB

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Já se falou do revival Mabel X Accorsi na eleição deste ano. Mas essa história vai além do confronto de dois sobre/nomes, o de Sandro e o de Adriana. É só a ponta de um imenso novelo.

Em 1992, disputando a prefeitura pelo então PMDB, o jovem empresário Sandro Mabel perdeu para o professor petista Darci Accorsi, pai de Adriana, a petista que enfrentará um Mabel empresário bem mais experiente.

Mabel, que estava no Republicanos do ex-vice e atual prefeito Rogério Cruz, filiou-se há poucos dias no União Brasil do governador Ronaldo Caiado, e será apoiado pelo MDB do vice, Daniel Vilela, filho de Maguito Vilela, morto pela Covid no início de 2020, recém-eleito prefeito de Goiânia junto com Rogério Cruz.

Daquela vez, 1992, deu Darci. Deu PT. Em 1996, o eleito foi Nion Albernaz, pelo PSDB, abrindo caminho para a união oposicionista – à época: PSDB, PFL, PPB e PTB – vencer Iris Rezende e o MDB em 1998, com o tucano Marconi Perillo na cabeça de chapa.

Em 2000, Darci voltou a ser candidato a prefeito, mas pelo PTB de Pedrinho Abrão. Não mais pelo PT, que bancou Pedro Wilson.

Darci recebeu apoios de Ronaldo Caiado, com seu PFL, e de Roberto Balestra e Alcides Rodrigues (vice-governador), com o PPB. O governador Marconi apoiou a tucana Lúcia Vânia.

Seis anos antes, em 1994, Caiado e Lúcia Vânia estiveram diretamente em campos opostos, na disputa pelo governo de Goiás. Lúcia Vânia foi para o segundo turno, mas não obteve o apoio de Caiado.

Caiado cruzou os braços contrariado por ela ter negado por antecipação seu apoio a ele, em um debate no fim do primeiro turno, caso fosse ele, e não ela, para o segundo turno.

Caiado, questionado antes, disse com todas as letras que a apoiaria, sim. Por essas e outras, deu Maguito Vilela governador. PMDB.

No segundo turno de 2000, o governador Marconi apoiou o petista Pedro Wilson para prefeito contra o Darci apoiado por Caiado, Balestra, Cidinho e Pedrinho. O MDB, que arriscou-se com Mauro Miranda, ficou longe, bem longe da disputa principal.

(História à parte: a desunião pós 1998 mostra que os quatro partidos que derrotaram o MDB nada apreenderam com a desunião de 2000. E que o MDB de 2000 foi cara e derrota do MDB de 1998.)

O PT que venceu todos em 2000, perdeu a reeleição de Pedro Wilson em 2004 para Iris. Foi o retorno de Iris depois das derrotas para o governo e o Senado. Além do PT, ele venceu o governador Marconi e seu candidato Sandes Júnior (PP).

Em 2008, na reeleição de Iris, o PT indicou Paulo Garcia vice. Iris queria a conciliação, e mirava o governo. Avaliou ser importante ter os petistas ao seu lado. Renunciou em 2010. Paulo assumiu. Foi reeleito em 2012 com o emedebista Agenor Mariano vice.

Em 2016, as urnas deram a Iris o poder de retornar para o seu último mandato de prefeito de Goiânia, o quarto, já rompido com o PT e Paulo Garcia. O discurso: voltava para arrumar a casa, depois de ter avalizado publicamente a reeleição de Paulo.

Não perca a linha do tempo.

Em 2002, Marconi Perillo foi reeleito governador e o petista Lula chegou à Presidência da República.

Em 2004, Pedro Wilson perdeu, portanto, com Lula de cabo eleitoral.

O destino cuidou de fazer Iris, prefeito, ser decisivo na eleição de Caiado para o Senado, em 2014. Apoio aberto.

Em 2018, Iris tentou manter o MDB com Caiado candidato a governador. Não deu. Mas não por falta de esforço seu. O partido preferiu lançar o filho de Maguito, Daniel Vilela. Perdeu.

Na eleição seguinte, Daniel virou vice na chapa da reeleição de Caiado, na última costura política feita por Iris. Iris estava aposentado, pois recusara tentar a reeleição em 2020. Morreu logo depois de unir Caiado e Daniel.

Olha os revorteios da política, como se diz no interior do Estado.

Este ano, Mabel é o candidato de Caiado e Daniel.

Contra a petista Accorsi. Adriana Accorsi.

Que terá como cabo eleitoral o presidente Lula em seu terceiro mandato.

E Marconi tem candidato, Matheus Ribeiro, mas não a força que tinha em outras eras. Muito menos o PSDB.

Aquela história.

Pedro Wilson e PT venceram as máquinas eleitorais do governo (tucano) e do sempre poderoso (P)MDB na Capital, sem Lula.

Adriana Accorsi enfrentará as máquinas do governo (Caiado) e do MDB de Daniel, com Lula de cabo eleitoral.

Sandro Mabel, em 92, tinha o MDB no governo (Iris); agora, tem Caiado e o MDB no governo. Nem Lula lá, nem Lula cá. Mas já apoiou. E Dilma. Nos tempos em que era braço direito de Eduardo Cunha todo poderoso na Câmara.

Isso quer dizer mesmo o quê?

Os novos personagens nesta história:

  • Vanderlan Cardoso (PSD), líder nas pesquisas (junto com Adriana Accorsi) e uma incógnita;
  • Rogério Cruz (Solidariedade), sem lenço e sem documento em busca da reeleição;
  • Gustavo Gayer (PL), o bolsonarismo que não diz a que veio na Capital;
  • Leonardo Rizzo (Novo), Matheus Ribeiro (PSDB) e Fábio Tokarski (PCdoB), os outros.
Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação Pública de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).
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