As candidaturas a prefeito entraram em um período de intensa crise existencial e busca de si mesmas: onde estou? para onde vou?
Repare que os cenários pouco mudam. E a razão é simples. Nenhum pré-candidato fez por merecer qualquer alteração substancial.
Comum a todos: ninguém está na rua em contato com a população. Assessores e titulares permanecem nos gabinetes planejando o que fazer. Na verdade, sem saber o que fazer.
Lembro de levar uma pessoa querida, que queria ser candidato a prefeito no interior, ao gabinete de Iris Rezende, na Prefeitura de Goiânia. Claro, o visitante era um fã de Iris.
Iris autorizara com carinho a visita, e de início não contei nada sobre a possível candidatura. Dependendo, nem o faria. Mas o papo fluiu tão bem que arrisquei.
Estávamos sentados. Assim que ouviu o que eu falei, Iris adiantou o corpo e pegou no braço do futuro candidato. E então falou, olho no olho:
“Olha, vou te contar um segredo. Quando fui candidato a vereador, eu ia de casa em casa pedindo voto. Não parei um segundo.”
Na última palavra, uma exclamação. Ele parecia efusivo e entusiasmado. Mirou com mais força ainda os olhos do rapaz à sua frente e continuou:
“Olha, volte pra sua cidade e não pare. Visite uma por uma as casas de todos os bairros. Não pare”, insistiu. “Converse com todo mundo. Vai uma, duas, três, quantas vezes der conta.”
Me impressionou a determinação de Iris nas palavras e no conselho. “Ouça o que o povo quer falar. Converse. Pegue na mão das pessoas. Não tem erro. O povo vai te eleger.”
Iris parecia um garoto, talvez aquele jovem sonhador candidato a vereador que foi um dia em Goiânia. Mas acima de tudo um sábio tentando enfiar na cabeça de outro jovem sonhador a grande lição política de sua vida.
Iris fazia campanha articulando, compondo chapas, forjando alianças. Porém, onde ele ganhava as eleições era nas ruas, nas casas, no contato direto e sincero com as pessoas.
Essa premissa de ir aonde o povo está, ouvir com atenção o povo, saber o que pensa e sente esse povo que clama por líderes que os respire e inspire, essa premissa não muda nunca.
Candidato que quer ganhar não precisa fazer muito. Precisa fazer de tudo para ser a expressão da gente. A gente que vota e da gente que vive querendo bem viver.
O segredo está na disposição, na dedicação, no coração. Não há marketing que consiga competir e derrotar com um candidato que esteja onde o povo está, física e metaforicamente.
Iris não titubeava nem perdia tempo. Não era candidato com crise existencial. Seu sentido era único: deixar-se levar pelo povo ao poder.
Mesmo quando perdeu o poder, foi assim que o recuperou. Reconquistando o povo. Se você, candidato, está feito biruta, sem saber o que fazer, faça só isso: um arco-Iris na sua campanha.
Olhe pela janela, esqueça o espelho. Comece por aí. Pelo povo.