Com pedra não se brinca

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E esse sorriso, logo no final do ano, quer dizer o quê?

Quer dizer sorriso. Muito para o que foi, outro tanto para o que virá. Não quer dizer alívio, nem satisfação, ou pose com a alma entredentes.

Fato. O ano foi difícil. Não está para contentamentos espontâneos.

Todos os anos são difíceis. Não somos fáceis. Mas a vida também é ficção.

Havia muita expectativa em dezembro passado. Não deixa de ser um alívio chegar até aqui.

Nem todas as metas foram batidas. Porque é preciso haver espaço para outros baterem as suas. Nunca se sabe em que medida estamos no meio do caminho dos sonhos dos outros.

Fazer poesia com as pedras no meio do caminho e tal e tal?

Com pedra não se brinca. Joga no rio que cria onda onda…

Mas houve amores contrariados, sentimentos desafiados, frustrações sociais cometidas com violência e devolvidas com espinhos e pétalas. Houve, não há dúvida. Só olhar a pele revolvida.

É o sol. Sempre tem o sol.

De jeito que não há palavras para definir ou resumir?

Respiro palavras, não uso as palavras.

Mas houve amores, sentimentos, pétalas. Houve, não há dúvida. Só olhar a pele retorcida.

É a noite. O sono ilumina.

Soube de um contratempo que o estabeleceu como quem não é. Foi uma estratégia pessoal deixar-se contar como drama, em vez de humor?

Como é bom ser história! Todos deviam experimentar. E tem o conteúdo da expressividade do íntimo, quer dizer, tem a moral da história. A moral da história é uma nova história. Sou leitor compulsivo. Não abro mão, não.

Dá o que pensar sobre o futuro.

O futuro? O que é isso?

De novo esse sorriso.

O futuro é engraçado. Coisa séria, mas jamais para ser levado desse jeito, como algo (concreto?). Não dá pra chorar pelo que não existe.

Mas sorrir?

Não tenho como me impedir.

Vai ser sempre assim?

Mas olhe bem. Meu futuro é principalmente como olho meu passado. Vai ser sempre assim.

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