Eis a questão para Caiado: ganhar em Goiânia, perder no entorno: Aparecida, Senador Canedo, Trindade…

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Vamos em partes.

Parte 1: o dilema na Capital

Eleger o prefeito de Goiânia é o maior desafio político deste ano imposto pelo governador Ronaldo Caiado (União Brasil) a ele próprio, lembrando o fracasso de seus antecessores nesse sentido, no exercício de seus mandatos. E o estica-empurra no tempo e nas brigas internas para a definição do pré-candidato de sua base contribuem bastante para o crescimento das expectativas: ele vai ou não vai conseguir cumprir a missão auto-imposta?

Vai dar certo, vai dar tempo, parece dizer Caiado. Então, tá. Jânio Darrot (MDB) é hoje o nome de sua base que tenta se viabilizar. Sua agenda nas últimas semanas mostra um político buscando parecer candidato de verdade, como devem fazer todos aqueles que querem merecer o apoio de um governante com cerca de 80% de aprovação e se eleger. Não há, em contrapartida, gestos – nem leves, nem largos – de Ronaldo Caiado em seu favor. Só uma leve brisa dizendo “vai em frente que eu vou depois”. Vai mesmo?

Caiado passou a semana em Israel, numa cruzada para se mostrar à direita brasileira que merece ser candidato a presidente da República. A viagem faz parte de uma movimentação que começou já faz alguns meses e que tem como reflexo aqui exatamente adiar tudo que não for urgente na política e na gestão. Ou manter as coisas no automático, enquanto ele não chega e põe ordem de vez na casa.

Eleger o prefeito, e eleger Darrot como tal, será vitória dupla de Caiado. O que se tem, na prática: Darrot não entusiasma a base governista e não fez de fato movimentos além do próprio meio político para se tornar mais conhecido dos goianienses. Ele continua do tamanho de Trindade, uma crescida cidade do entorno, mas ainda assim uma cidade pequena diante da Capital. Segurar nas mãos do governador e ir, segue sendo sua única estratégia para crescer e multiplicar os votos.

Não é pouco, mas se isso é tudo, aí é pouco para quem quer tanto chegar à Prefeitura de Goiânia. Força de vontade e de expressões bem escritas até criam onda, mas sabem como é onda de riacho. Caiado tem a oferecer mais que sua boa aprovação e a avaliação positiva de seu governo. Tem estrutura partidária inerente a um governo forte; tem sua verve no palanque; tem junto Daniel Vilela, seu vice e presidente do partido que mais conhece Goiânia, de tantas eleições que já disputou: o MDB.

Se essa conjunção de forças é suficiente para eleger Jânio é a questão que divide tais grupos internamente. Nem a questão de tempo entra tão forte na pauta quanto a da capacidade do empresário e ex-prefeito de Trindade ser o escolhido incontestável. E é essa a tábua cheia de dúvidas e agonia que Caiado terá pela frente nos próximos dias. Ele disse: até abril o representante estará definido e em plena movimentação em seu próprio nome e de sua reputação.

Pensando aqui: será que é coincidência justo agora o nome de Ana Paula Rezende, filha do ex-prefeito Iris Rezende, ter voltado ao jogo a partir de um gesto do governador, que a chamou ao Palácio e novamente instigou a entrar na disputa? Por que falou com ela antes de viajar para Israel e já se sabe que voltarão a conversar na sua volta? Tem caroço nesse angu?

Parte 2: as guerras do entorno

O governador Ronaldo Caiado já deixou claro que eleger o prefeito de Goiânia é estratégico para seus planos. E ele vai trabalhar para isso, também não há dúvida. Mas é preciso entender: Goiânia, hoje, é muito mais que Goiânia; é também Aparecida de Goiânia, Trindade, Senador Canedo e vários outros pequenos municípios em volta.

Nesses municípios, os candidatos governistas não andam bem das pernas eleitorais, e há crises a serem debeladas. Quem será o candidato caiadista em Aparecida? O prefeito Vilmar Mariano (MDB), que não se entende com o ex, Gustavo Mendanha, que garante ter a prerrogativa de definir o nome do governo na cidade?

E em Trindade, onde o atual prefeito, Marden Júnior, enfrenta resistência interna de servidores efetivos, críticas por malcuidados na cidade, abuso de poder e divisão de forças dentro do grupo que o elegeu? Como Caiado pretende resolver as coisas lá? E em Canedo, o governador vai fazer o quê pra melhorar o jogo em favor do prefeito, que é do seu partido e enfrentará o seu criador e seu desafeto conhecido, senador Vanderlan Cardoso (PSD), que lançou a esposa, Izaura Cardoso?

Ganhar em Goiânia e perder no entorno é ganhar de verdade em Goiânia, para Caiado?

*Texto publicado pela Tribuna do Planalto

Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação Pública de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).
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