Em campanha política é cada uma que acontece!…

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Pois é, alguns eleitores gostam mesmo de valorizar o voto. Sabem mais do que ninguém que sem o dito cujo o candidato não vai conseguir subir ao poleiro.

Fato é que cada qual dá valor ao que tem, não é mesmo!… Se a pessoa tem o voto, por que não valorizá-lo a contento? Mas também dá margem à pergunta: Quem é mais corrupto, o candidato ou o eleitor?

Por outro lado, em tempo de campanha eleitoral, até mesmo a linguagem é deturpada. Dá a impressão de que tudo vira do avesso: o certo passa a ser errado e o errado passa a ser certo.

Seguem dois casos verdadeiros, por incríveis que pareçam!…

Um cavalo pelo voto…

Ocorreu que em plena campanha política, disse um desses fiéis votantes ao candidato que lhe pedia o precioso voto:

— Meu voto é do senhor, disso o senhor pode ter certeza.

— Sabia que o amigo não ia me deixar na mão! – respondeu o candidato, enchendo-se de satisfação e orgulho.

Continuou o eleitor:

— Agora, o senhor sabe, vou todo dia pra roça a pé, subindo morro, volto cansado, às vezes mancando…

— Sim, parabéns pela coragem e a determinação! – concordou o político, já na expectativa do que poderia vir da continuidade daquela conversa matreira.

— Então, tive pensando, cheguei até a falar com a minha Mariinha, se o senhor me desse um cavalo…

— Um cavalo? – interrompeu a fala, meio assustado, o candidato.

— É, um cavalo, mas não é vendendo o voto não, o senhor sabe, porque voto não tem preço, né!

— O candidato fez cara de sério e indagou: pode ser um manga-larga?

O eleitor mudou o semblante na hora. Seus olhos brilharam. Não querendo acreditar no que tinha ouvido, exclamou:

— O senhor tá brincando!…

E o político respondeu, incontinenti, esboçando um leve sorriso:

— Mas foi você quem começou!…

E tudo terminou em gargalhada. Ao final da explicação, para mostrar que o voto não pode ser negociado, o eleitor se despediu dizendo:

— O senhor é tão engraçado!… Vou votar no senhor.

— Mesmo sem o cavalo? – retrucou sorrindo o político.

— É o jeito, né! – respondeu conformado o eleitor, também em sorriso.

É proibido o uso de santinho no local da votação…

No dia da eleição… Aconteceu que a autoridade já havia alertado a todos que se encontrasse alguém portando “santinho”, mesmo que escondido no bolso, no dia da eleição e no local da votação, ia ser preso.

Não foi nada não. Logo cedo, chega o juiz eleitoral, protegido por dois seguranças desse tamanhão, armados até os dentes, a um determinado local de votação. De cara, o fiscal de uma das seções foi premiado:

— Tem ‘santinho’ no bolso? – indagou-lhe a autoridade responsável pelo bom andamento dos trabalhos.

— Tenho sim – respondeu na lata o moço.

E permaneceu quieto.

— Deixa eu ver! – ordenou o homem da lei.

Sem pressa, o cara enfiou a mão no bolso, abriu a carteira e exibiu um santinho de Nossa Senhora da Guia. Nesse momento os dois policiais, que assistiam a abordagem, armaram as espingardas, apontando-as em direção ao indigitado e abusado rapaz, que se manteve calmo, pelo menos aparentemente.

— Isso é desacato à autoridade! – bradou o juiz, com o sangue fervendo nas veias.

Antes, porém, que lhe fosse dada voz de prisão, o fiscal revistado apresentou sua defesa:

— Desculpe, doutor, o ‘santinho’ que eu conheço é desse jeito aí. Se o senhor tivesse me perguntado se eu portava material impresso de propaganda eleitoral eu tinha respondido que não.

Diante disso, o juiz soltou um gungunado estranho, e o aparato todo virou as costas ao desafeto e foi dar continuidade ao seu serviço.

Elson Oliveira
Elson Gonçalves de Oliveira foi professor de Língua Portuguesa, é advogado militante e escritor, com vários livros publicados.
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