spot_img

Lula e Bolsonaro já interferem na eleição em Goiânia

em

|

views

e

comentários

Lula e Bolsonaro estão no imaginário eleitoral brasileiro e definem linhas de confronto que vão repercutir inevitavelmente em outubro do ano que vem. A tese batida de que as eleições nacionais não afetam as disputas locais, nos estados e municípios, é mais tese do que realidade.

Lula e Bolsonaro não ficarão alheios às eleições municipais e vão se mexer, de acordo com seus eleitores, para acomodar o melhor possível para eles o resultado. Vão pedir votos, liberar verbas (caso de Lula), costurar o máximo de alianças e impedir outras. A presença deles na pré-campanha é fato. Depois, também, ainda que mais camuflado. E tudo porque em 2024 também está sendo jogado 2026.

Em Goiás, os ecos da presença de Lula e Bolsonaro já são sentidos de forma expressa. O deputado federal Gustavo Gayer (PL) será ou não candidato? Basta a questão posta para se ver o dedo do ex-presidente. Antes, Gayer era mais um. Agora, é o bolsonarista de referência no Estado, com capital eleitoral próprio de grupo forte e agressivo. E que não é pequeno.

Vanderlan Cardoso (PSD) não chega a ser fruto do bolsonarismo, mas busca o apoio de Bolsonaro para segurar Gayer e apoiá-lo. Conta, para isso, com o outro senador Wilder Morais (PL), que se movimenta de acordo com o grupo que o elegeu e deu personalidade política, ele que até então era um azarão: suplente (de Demóstenes) que de repente virou senador, lá atrás.

O PT, que estava adormecido no Estado, não só voltou ao jogo como tem um nome que se destaca com luz própria, a deputada federal Adriana Accorsi. Escudada pelo carisma de Lula, e em um governo com melhora constante na avaliação, Adriana passou a ter, além de competitividade, perspectiva de poder, que é o cheiro mais forte de vitória que um candidato pode ter.

O prefeito Rogério Cruz é o mais fora da caixinha. Não tem Lula, não tem Bolsonaro e pode não ter partido. O Republicanos já escancarou sua insatisfação com o tratamento recebido e deu ultimato: ou tem mais espaço, ou quer espaço nenhum, e está fora. Fora da prefeitura e com Rogério fora dos seus quadros.

O Republicanos, no entanto, que era Bolsonaro de carteirinha e fé, acaba de se estabelecer em um ministério lulista. O Republicanos, com Rogério, é uma coisa em Goiânia; sem Rogério, é outra, com horizonte aberto pra lançar candidato ou compor com quem o considerar mais. Elementar e básico.

E já o fator Ronaldo Caiado. O governador está mais para Bolsonaro do que para Lula, mas não é bolsonarista. Em Goiás, pode apoiar de mamando a caducando, como se diz. Não há barreiras. Ainda que seja um apoio disfarçado. Único senão em tudo: desde que o favoreça no sonho de disputar a Presidência da República.

Contra Lula? Contra Bolsonaro? Candidato não escolhe adversário, ensina a sabedoria popular. Caiado pode interferir em alianças à esquerda e à direita no Estado, evidente. Resguardadas poucas cercas de arame aqui e ali, Caiado é hoje o pragmatismo em pessoa e candidatura.

Como se vê, as digitais de Lula e Bolsonaro estão por todo lado. Estão igualmente nas possíveis alianças. Para onde vai o PP, que agora tem ministério no governo federal? E o MDB, que tanto é governo quanto oposição a Lula, sem ser aliado de Bolsonaro? E o que resta do PSDB, o que fará?

O que dá pra adiantar: mesmo com o ex e o atual presidentes em campo, o que vai montar o tabuleiro não é a boa e velha guerra de ideologias, e sim o inevitável e imortal pragmatismo da política nossa de cada dia. O tempo passa, a Terra gira e a mente capota.

*Texto publicado pela Tribuna do Planalto

Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação Pública de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).
Compartilhe
Tags
spot_img

Mais Lidas

Caiado e Daniel Vilela jogam sem oposição

Não há oposição em Goiás. Vivemos no vácuo entre uma velha e uma nova geração política. Como não há (ainda) líderes de ponta na...

As diversões nas cidades do interior

Nas cidades do interior, as opções de lazer nunca foram lá muito satisfatórias, tanto nos tempos mais longínquos quanto nos dias atuais. A população...

Republicanos tem 24 pré-candidatas à Câmara, o dobro da cota mínima

Olho: Montagem da chapa de vereadores foi articulada pela presidente do diretório municipal, Sabrina Garcez Articulada pela vereadora e presidente municipal, Sabrina Garcez, a chapa...

Recentes

Relacionados