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Lular ou não? Uma discussão de fundo no PT para as eleições de Goiânia e Anápolis e as incógnitas que o bolsonarismo inspira

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A mais recente Paraná Pesquisa que aponta o governador Ronaldo Caiado com 81,4% de aprovação (desaprova: 13,6%) em Goiás mostra também que o não-petismo – ou antipetismo, ou bolsonarismo/caiadismo – tem muito espaço de colheita no Estado. A aprovação ao governo Lula é de 39,3%, e a desaprovação, 55,5%.

A pesquisa não fala de Goiânia, onde o PT costuma ter melhor desempenho, nem de Anápolis, onde as coisas já foram melhores para a legenda. A questão de fundo é: o PT tem chance de eleger prefeitos com esse cenário? As duas cidades onde o partido mostra mais chance são exatamente Goiânia, com a deputada federal Adriana Accorsi, e Anápolis, com o deputado estadual e ex-prefeito local Antônio Gomide.

Gomide lidera com larga vantagem nos apontamentos de hoje. Adriana ora está na frente de todos, ora logo atrás do senador Vanderlan Cardoso (PSD). E ganharia hoje do nome que representa a eventual polarização nacional, caso replicada aqui: deputado federal Gustavo Gayer (PL).

Há conversas de bastidores entre PT e Vanderlan, que poderia desistir para ter apoio de Lula em 2026 para o governo. E há ainda uma possibilidade de Adriana ir para um ministério e todos mais ao centro e esquerda fecharem com Vanderlan. Ou os dois irem pra campanha combinados de, pode ser, pode não ser, se encontrem no segundo turno. Todas essas especulações fazem parte de um processo indefinido e longe de terminar. As convenções vão acontecer só em final de julho e início de agosto.

Entre petistas, não há consenso de que as campanhas de Adriana e Gomide devem enfatizá-los como candidatos de Lula ou não. Ambos são nomes considerados leves, que furam a bolha petista, portanto capazes de atrair votos muito além da esquerda. Se Lula estiver muito evidente, isso atrapalha ou ajuda? Então.

Lula é notícia o dia todo. Seu governo impacta as pessoas o tempo todo. Não há como viver no Brasil sem topar com uma referência sua. Soa até engraçado alguém achar que dá pra escondê-lo ou colocá-lo em segundo plano em uma disputa que o tempo todo tanto ele quanto Bolsonaro parecem se esforçar cada dia mais para manter a polarização.

Mais uma pimenta nesse angu de caroço: historicamente, eleição municipal passa longe de ter como centro temas nacionais. Quer dizer que Lula e Bolsonaro com sua polarização conveniente não terão poder de interferência fatal na disputa. Em tese. Na prática, porém, a interferência está clara e evidente: ela balanceia alianças, composições de chapas majoritárias e proporcionais e recursos de partidos – PL e PT – que tem muita bala para gastar.

Resolver esses nós é tarefa para marqueteiros e os próprios candidatos. Pode ser que nem precisem. Ninguém garante que ano que vem esses índices de avaliação não estarão mudados para melhor. Quem sabe? Só que podem ter mudado também para pior. E aí? E o bolsonarismo oscila entre demonstrações evidentes de força e fraqueza explícita.

Uma visão geral, no que incluem-se adversários mais antenados, o candidato do PT no mínimo estará no segundo turno. E será no segundo turno a definição verdadeira do jogo. Quem será o adversário de Adriana em Goiânia conta muito. Se for Gayer, significa polarização em potência máxima, no que ambos, provavelmente, apostam avaliando que levaria a melhor.

A capacidade de alianças contará muito, então, para ver quem chega lá: à vitória. O bolsonarismo exclui muito potenciais aliados, porém o radicalismo tem um poder de atração popular que é inegável. O lulismo é negociador por princípio. Lula defende e faz alianças sem restrições. Nessa hora, qual lado será o preferido de políticos e da população torna-se uma incógnita.

Não sendo Gayer o nome que vai para a segunda fase, qualquer outro dos pré-candidatos em campo agora, sem radicalismo, tem potencial de atração de todo o bolsonarismo mais os agregados, quem sabe. Em tese, ambiente negativo para os petistas. Ocorre que o PT sabe disso e está exatamente costurando alianças desde já. Portanto, pode resolver isso logo, com a força do governo federal.

O fator Caiado – somado a Daniel Vilela, vice que assumirá o governo em 2026 e será automaticamente candidato à reeleição – entra nesse jogo como mais uma incógnita. Para um possível Caiado candidato a presidente, quando mais polarização com o PT, melhor. Mas quem garante que ele pense assim? Apoiar Gayer ou um outro nome contra Adriana, com quem mantém diálogo tranquilo, é uma boa estratégia? Caiado ainda não disse quem apoiará nem na Capital, nem em Anápolis, sua cidade Natal.

Prato cheio para quem gosta de política todo esse armado. Tudo é possível, inclusive nada, como bem dizia o narrador esportivo. Não há teoria que resista ao que a realidade impõe, evidente. A definição não estará no tabuleiro nem nas peças. A decisão do jogo vai depender única e exclusivamente dos estrategistas. A estratégia e a capacidade de manter o ritmo de jogo é que mostrará o diferencial capaz de fazer a diferença necessário no placar.

A eleição do ano que vem será uma partida mais de inteligência do que de força. Não será para amadores.

* Texto publicada pelo Diário de Goiás

Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação Pública de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).

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