Sandro Mabel nunca foi diferente do que é. Fred Rodrigues não sabemos quem é. Mas não é na disputa das diferenças entre eles que vamos chegar ao ponto preciso pra saber quem é melhor pra Goiânia – pra nós, que moramos aqui. Basta parar pra pensar.
Na pré-campanha as pesquisas já escancaravam a bronca da população com o descuido da cidade, as obras paradas, o incômodo com as denúncias de casos de corrupção que vinham à tona. A bagunça estava instalada no Paço, eis o resumo.
O desejo de mudança era claro, e também a vontade simples de ver Goiânia voltando a funcionar. Sim, essa palavra era uma constante nas pesquisas qualitativas, que dissecavam o sentimento das pessoas em relação à gestão atual e à que gostariam de ver eleita.
Outra palavrinha mágica que surgiu foi ‘gestor’. Alguns a interpretaram ao pé da letra, e passaram a usá-la sem moderação. Vanderlan Cardoso e Sandro Mabel fizeram isso. Disputaram por um bom tempo quem tinha mais graduação como gestor. Quem tinha o maior troféu pra se graduar como prefeito.
Adriana Accorsi também foi nesta linha, quando começou a campanha de fato. Quando falava que iria “cuidar de Goiânia”, levada junto o conceito de uma gestão que atendesse o interesse imediato e elementar dos moradores. Sua campanha foi propositiva e baseada neste ponto, em especial. Eu vi. Eu estava lá.
Matheus Ribeiro, embora apostando mais no novo, na renovação, também procurou firmar posição como gestor com capacidade, ainda que ‘novo’. E o prefeito? Bem, o prefeito tentou provar que é um bom gestor, que sua gestão foi irretocável. O resultado do primeiro turno diz tudo.
E está claro que não foi pensando em gestão, em quem melhor cuidará da cidade, e quais as propostas são de fato melhores para os moradores que os eleitores foram às urnas dia 6. Na reta final, nada do que os candidatos diziam parecia de fato surtir efeito. O que esteve em jogo, enfim, foi outra coisa.
A entrada do fator bolsonarismo em campo mudou a percepção da cidade para a discussão das pautas de moralidade e enfrentamento ao anti: antipetismo, anticomunismo, anti-qualquer-coisa-que-não-seja-o-bolsonarismo. O bolsonarismo tirou a cidade de pauta e se colocou no jogo.
A ascensão de Fred não se deu por suas qualidades como gestor, e muito menos por suas ideias e soluções espetaculares para tirar Goiânia do buraco em que está. Foi a ascensão do anti-tudo, inclusive da anti-Goiânia, já que na essência do que advoga não está o goianiense, está Bolsonaro e o que ele verdadeiramente representa hoje: o desejo e a estratégia em curso para voltar ao poder em 2026, passando por aqui.
A Goiânia que queremos (Vanderlan), que merecemos (todos os outros), a Goiânia que anseia por um bom gestor que cuide (Adriana) da gente, e que precisa urgentemente se levantar como cidade que nos acolha e que funcione para quem mora nela, essa Goiânia é que precisa se levantar e escolher o seu prefeito dia 26.
Mabel tem essa virtude inata: é um bom gestor. Um gestor que não se compara ao seu oponente, neste momento. Um gestor com os pés no chão. A outra disputa – quem é mais honesto, quem é moralmente infalível, quem é melhor e mais direita e direito -, é disputa de humanos, um desempate de humanas falibilidades.
Mabel é o gestor para Goiânia que precisa funcionar. Se encaixa nas pesquisas, que captam a vontade da população para a cidade.
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Texto publicado na Tribuna do Planalto em 16.10.2024.