Dura a missão do ex-governador Marconi Perillo, e também uma baita oportunidade. Comandar o PSDB nacional, um partido à deriva, sem discurso e cada vez menor, é tarefa dada normalmente aos que se dispõem a apagar a luz. A oportunidade está na história do PSDB, que já foi grande – o partido de FHC -, e justamente na expectativa em torno de seu futuro.
Há ainda a oportunidade pessoal para Marconi. Patinando no gelo, sem conseguir provocar expectativa no eleitor, também com futuro incerto e pendendo mais para o ostracismo, ele passa a ter holofotes nacionais, que por sua vez acendem os locais. Só de ter sido eleito presidente tucano, em Goiás, já tinha chamado atenção. Com o novo cargo, passa a ter status de grandeza como dirigente nacional.
Marconi voltou a insistir, em suas redes sociais, nas fotos de obras que legou como quatro vezes governador. Fala tanto do que fez que só reforça que não tem o que fazer. Perdeu-se o novo, do tempo novo, na rebarba dos vinte anos de poder. As obras que fez foram fruto dos votos lá que recebeu. Mas não. Em vez de indicarem competência, soam como dívidas do eleitor para com ele.
Quanto mais Marconi faz campanha de costas para o futuro, mais o governador Ronaldo Caiado, por exemplo, aponta Goiás para o futuro. No discurso, Marconi segue perdendo oportunidade ímpar de apresentar alternativas e uma visão mais moderna de Estado. Deixa que o governador de situação lhe roube no grito o discurso de oposição.
Se não modernizar de corpo e alma, pouco adiantará o palanque nacional a Marconi. Veremos página inteira de entrevista em que dois terços ou mais seja para repetir “eu fiz”, “eu construí”, “eu…” O “eu, eu, eu” de Marconi rivaliza com o “minha polícia”, “minha educação, “minha…” sem nada acrescentar. Mais do mesmo.
Goiás continua sem oposição porque no governo está a situação e seu oposto, todos muito bem agasalhados; e porque fora, o que resta é o vazio de ideias e de novos homens de camisa azul.
* Texto publicado pelo Diário de Goiás