Marconi Perillo muda o tom; Ronaldo Caiado é o palanque

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Marconi Perillo (PSDB) mudou o tom da conversa. Está mais calmo ao falar, mais simpático, e suas redes sociais imprimiram um toque de ironia para tratar de assuntos duros e sérios, sem ultrapassar a linha da agressividade pela agressividade. Nem assim deixou de fazer oposição.

Antes, a principal mensagem de Marconi era a de um coração machucado. Seu cenho franzido, o modo enfático com que dizia as coisas, tudo transmitia raiva. Uma raiva que não passava e que caía no vazio, principalmente a partir do momento em que seu principal alvo, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil), passou a ignorá-lo solenemente.

Marconi mostra que começa a deixar de lado a guerra solitária e ingrata para mostrar que tem razão para assumir outra estratégia. Em política, há uma diferença enorme entre quem briga para ter razão e quem luta para ganhar eleição. Uma máxima verdadeira que sempre se prova sábia.

Em tom mais baixo, fica mais fácil para Marconi, por exemplo, ter espaço nos veículos. Algo que seus aliados mais próximos nunca entenderam. Para eles, se a imprensa não abre espaço para seus xingamentos, então essa imprensa é vendida. Nos últimos dias ele voltou a ser ouvido. Se vai continuar, depende dele, de seu discurso, de seu comportamento político.

Marconi, antes de assumir o governo pela primeira vez, em 1999, era um deputado conhecido pela habilidade como opositor. Caiado também tem história na oposição. Ambos cresceram fazendo da palavra dura, do posicionamento firme, sua forma de ser e acontecer politicamente.

Ex-aliados contra o MDB, os dois já protagonizaram embates barulhentos ao longo dos últimos anos. Agora, voltam a se enfrentar no momento em Marconi tenta voltar ao jogo, após perder duas eleições seguidas e estar sem mandato, e Caiado, reeleito governador duas vezes no primeiro turno, busca uma candidatura a presidente de República, sonho que também já foi do tucano.

No ataque, Marconi questiona o processo de construção do Cora, o hospital para tratamento de câncer que o governador toca como obra que marcará suas gestões. Marconi atira num patrimônio caro a Caiado: uma possível corrupção por não ter ocorrido licitação para a obra. O governador rebate contra-atacando que o tucano não tem moral para falar em corrupção, por essa ser uma “marca” de suas quatro gestões. É o bateu-levou de sempre. Ambos se agridem abaixo da cintura, mas fica por isso mesmo.

Essa troca de acusações e adjetivos não é nova e, de certa forma, beneficia os dois. Porém o momento é pior para Marconi. Ele está em baixa. Se acertar o tom, ganha palanque e espaço, tudo que precisa para ressurgir das cinzas. Porque – e essa é também uma das boas tiradas do mundo político -, todos sabem: em política não existe político morto; é o único lugar onde há ressurreição.

*Texto publicado pelo Diário de Goiás

Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação Pública de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).
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