Muito barulho para menos que nada: a falta que o bom senso faz na política

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Alguns políticos estão especializando em falar, mais do que as pessoas querem ouvir, o que faz com que elas reajam com o fígado. O fígado é o novo coração eleitoral. Vão nas redes sociais e xingam os professores, por exemplo. Ou comparam Deus com um caudilho. Causando, provocando, saçaricando sobre os escombros do outro, elas viram notícia e se refestelam na baba da inteligência popular artificial dos que veem genialidade onde há boçalidade humana e bananada política.

Dizer bobagem com espaço garantido no Instagram e impulsionamento ilimitado é a nova onda dos que se pretendem conectados com os novos tempos, a nova política e o novo palanque. Nada de improviso; há método nessa loucura. Antes, dizia-se de juízes, promotores e jornalistas que não podiam ver geladeira aberta que já começavam a discursar e sapatear. Agora, a prequela é esta: basta alguém levantar um celular para que um político feche o cérebro e abra a boca.

Exagero? Então, tá. A vida corre exagerada e mal organizada, isso sim. Deu a louca nos loucos. Há exemplos muito bons de políticos que conseguem achar a forma, ajustar o conteúdo e mostrar sua identidade nas redes sociais. Porém, há exemplos também dos que beiram o ridículo. Eis o ponto: o limite entre o criativo bem feito e o ridículo feito com propriedade é tênue, muitas vezes fica a uma frase de efeito deslocada. O resultado, na prática e na conta: em vez de criar, quem se atreve acaba por destruir seu maior patrimônio político, a imagem.

Nem tudo que funciona para Bolsonaro ou Lula, funciona para um bolsonarista ou lulista. Óbvio? Óbvio, mas soar óbvio e fora de órbita não quer dizer entrar na cabeça dos incautos. O idiota continua a idiotar-se. E assim por diante, que é ir para trás. Em Goiás, tem um ou dois ou mais ou menos que são capazes de andar com bosta na botina e óculos do Deadpool mas não sabem somar os pixels de suas deliberações e bandeiras. Defendem a liberdade dos pássaros dentro da gaiola e não têm dúvida de que são rês de lote.

Armar palanque não é difícil. Abrir espaço de fala está daqui prali. Pululam profissionais especializados no mercado. Inclusive, os que sabem ligar megafones para quem não tem nada a dizer. Resta o básico a quem quer futuro longo na política: preparar-se para o seu ofício; levar a política a sério, tanto no sentido de exercer a missão quanto no de permanecer em ação. Saber o que está fazendo é básico e estratégico. Dar bobeira só para causar não é lacrar nem lucrar, é encalacrar-se na própria mediocridade. A luz que revela o gênio é a mesma que escancara o pusilanimidade. Ou mais.

*Texto publicado pela Tribuna do Planalto

Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação Pública de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).
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