Na definição do candidato governista em Goiânia, Caiado ganha tempo; Bruno Peixoto, também

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O novo anúncio feito nesta quinta, 15, por Bruno Peixoto (União Brasil) de que está fora do jogo sucessório em Goiânia não resolve a guerra interna na base do governador Ronaldo Caiado (UB), mas desarma ânimos e dá tempo para que a pacificação seja construída. Um fôlego depois de dias tensos, com trocas de recados, ataques coordenados e muita informação e contrainformação correndo nos bastidores. Um cenário de terror e promessa de fim dos tempos, de lado a lado na mesmíssima ninhada de aliados.

O que se viu no reinício dos trabalhos na Assembleia Legislativa foi uma sessão de panos quentes. Troca de amabilidades depois de conversas de bastidores em que o presidente do Detran, delegado Waldir, teve papel cirúrgico. A ponto de o discurso de Bruno indicar uma retirada em definitivo e as declarações de Waldir apontarem um outro cenário, em que tudo está zerado na base, o governador não tem pressa e Bruno, quem sabe, pode até voltar a ser o que disse que não será.

No jogo zerado, até mesmo o empresário Jânio Darrot não tem garantia de pré-candidatura, até esses dias o nome escolhido por Caiado para disputar a prefeitura. E sem que isso seja colocado na conta da recente ação da Polícia Civil contra ele, em razão de investigação antiga. Movimento que vinha sendo atribuído nos bastidores a Bruno Peixoto, que negou com seus apoiadores atirando no governador, dizendo que quem sempre fala em “minha polícia é Caiado”.

É este clima beligerante de fogo amigo que parece vencido pelo desenrolar dos diálogos de pé de orelha. A situação funciona, pode-se dizer, como um pacto entre as partes. Bruno se retira; Darrot será tirado do jogo; Caiado ganha tempo para fazer o que disse que faria logo depois da virada do ano: ouvir lideranças, dirigentes de partidos, todos os interessados em disputar a prefeitura na sua base, até chegar a um nome que seja minimamente consensual. Qual nome. Qualquer um, no sentido de que não há carta marcada.

Bom também para o vice-governador e presidente do MDB, Daniel Vilela, que também vinha sendo alvo de fogo amigo dos aliados de Bruno na Assembleia. Sabe-se que há importantes emedebistas defendendo o nome de Bruno, de olho em uma eventual vice na sua chapa. Agora, Daniel volta a respirar com calma e poderá acompanhar o governador na escolha dos dois integrantes da chapa majoritária. Ainda lembrando Caiado, não há pressa nesse processo. Pode durar até as convenções.

Caiado, que estava perdendo o controle de sua estrutura, volta então ao protagonismo total. Ele traz para si a definição da chapa e coloca ordem na casa governista no momento em que o PT já definiu o seu nome em Goiânia, a deputada federal Adriana Accorsi, e o senador Vanderlan Cardoso dá mostras de retomada do entusiasmo com a disputa na Capital. Vanderlan é hoje o adversário que o governador menos gostaria de ver eleito. E, por isso, será o alvo preferencial na fase de fechamento de alianças que começa com essas conversas anunciadas por Caiado.

O controle do jogo no seu quintal dá ao governador tempo para administrar outra situação: a pré-candidatura do deputado federal Gustavo Gayer (PL), bolsonarista de quatro costados, apoiado aqui pelo senador Wilder Morais, presidente do PL. Wilder tem como meta ser candidato a governador em 2026, e nesse caso será contra Daniel, uma vez que Caiado avisou que renunciará em abril daquele ano. Acontece que Caiado quer o apoio do PL e pode até ir para o PL, caso isso lhe possibilite a sonhada candidatura a presidente da República.

Como resolver essa situação de interesses cruzados – dele, para presidente; de Wilder e Daniel, para governador; de Gayer e o nome da base à prefeitura – e, por tabela, agradar a Jair Bolsonaro, de quem quer o apoio em 2026, é a verdadeira equação para o governador resolver, bem maior que a simples definição de uma possível candidatura governista em Goiânia. A grande meta de Caiado, vale repetir, é a candidatura nacional; uma vitória em Goiânia é, digamos, um detalhe.

A partir de agora começará a dança das conversas políticas com o governador, que tem entre os interessados inclusive o prefeito Rogério Cruz (Republicanos), que quer a reeleição. Partidos menores hoje gravitando em torno da prefeitura resistirão a um bate-papo a portas fechadas com Caiado? O que fará o prefeito para conquistar o governador – ou sem o apoio dele, em definitivo? Conseguiram montar chapa e reunir aliados suficientes para entrar na disputa com chances?

E, para não dizerem que não falei das flores e dos espinhos, aqui vai: Caiado faz o que quer; Bruno Peixoto, não. O tempo sonhado é também o tempo dos pesadelos.

Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação Pública de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).
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