Os meninos crescem para o bem ou para o mal

19
526

Eu vejo Bolsonaro, outros veem um homem bem intencionado. Eu ouço Bolsonaro, outros escutam a voz de Deus ecoando. Eu falo Bolsonaro, outros gritam mito, líder e visionário. Eu não tenho dúvida sobre Bolsonaro, outros nem desconfiam. Há um descompasso entre eu e os outros. Quem está certo? Todos estão muito certos, inclusive eu. Certos de que temos a palavra final. Certos de que estamos do lado certo da história.

No fundo temos duas questões fundamentais. Uma, diz respeito às nossas convicções, pensamentos, valores. A segunda é de ordem moral. A primeira nos fundamenta. Diz quem somos como uma bandeira hasteada. É a base para nossos voos. A segunda nos sedimenta. Diz para onde voamos e como voamos. No fundo, no fundo, as duas coisas andam juntas e misturadas na mente e no coração. Mas divergem entre si e do mundo.

Eu defino Bolsonaro a partir do que eu sou refletindo – para dentro e como espelho. E reajo com meus sentimentos. A razão dos meus atos é a minha emoção. Quero um mundo melhor e nele não cabe Bolsonaro. Mas e o mundo melhor que outros querem e, nele, Bolsonaro é o centro? Cabem no meu mundo esses outros seres? Esse ser e estar estranho ao meu estar e meu ser? Eu me defino como melhor que aqueles com os quais não me sinto consoante? Bolsonaro é pior do que o universo que me cabe, mas é maior que o espaço sideral da minha vida.

Não quero complicar as coisas para que Bolsonaro seja o presidente da minha vida. Não o elegi e não o reconheço como tal. Quero apenas dizer que entendo que ele queira ser quem acha que é, e que muitos o validem em suas razões e emoções. E deixar claro que vou continuar minha luta contra o que ele é e o que ele representa – diante, claro, do que me faz quem sou. Também tenho aliados. Também tenho quem seja como eu, nos termos que nos diferenciam desses outros e de Bolsonaro. Eu luto pela vida como a minha por um fio. O fio da alma e espírito que não me deixam morrer diferente e distante do que sou de fato e de direito.

É isto. O Brasil está à beira do abismo, e tem gente achando que chão é céu. A dúvida, para uns, ou o dilema filosófico sobre Bolsonaro, para mais uns tantos, não é dilema nem dúvida: é pauta. E todo jornalista sabe o que isso significa, embora nem todos saibam o que fazer: pauta é sobrevivência de todos, você e eu, naturalmente. Pauta é resistência também, à parte os que advogam isenção absoluta, como se existisse alma sem corpo. Pauta é o que nos movimenta, para frente ou para trás.

Toda pessoa sabe o que significa vencer os que nos derrotam. Não é guerra santa em jogo. Nem é jogo. É guerra. Lembro quando a gente brigava nas ruas da minha cidade. Os de cima contra os de baixo. Éramos bons meninos contra nós mesmos, afinal. Porque derrotar o inimigo era uma coisa; satisfazer o ego, outra bem diferente. Os propósitos nos edificavam. Só que guerra é guerra. Uma hora os meninos bons eram os meninos maus que fizeram por merecer a vitória, mas também os que mereceram a derrota por serem quem eram.

Bolsonaro não merece vencer. Ele é o mau que eu quero derrotar. Os meninos crescem, e não se armam à toa. Vida é vida. Não é brincadeira. Filosoficamente falando, é Bolsonaro ou nós. Independência ou morte, Brasil.

*Texto publicado primeiramente em Goiás Notícia.

19 COMMENTS

  1. Thank you for your sharing. I am worried that I lack creative ideas. It is your article that makes me full of hope. Thank you. But, I have a question, can you help me?

  2. Hi there, just became aware of your blog through Google, and found that it is
    truly informative. I’m gonna watch out for brussels.
    I’ll appreciate if you continue this in future. Numerous people will be
    benefited from your writing. Cheers! Escape room

  3. Howdy! This post could not be written any better! Looking through this post reminds me of my previous roommate! He constantly kept talking about this. I’ll forward this article to him. Pretty sure he will have a good read. Thanks for sharing!

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here