Professor Alcides bateu, bateu, bateu e no final apanhou feio das urnas. Vilela combateu e levou

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Esse negócio de bater, bater, bater, sem seira nem beira, não elege ninguém. Bater, bater, bater no adversário sem construir uma base positiva de seu lado, costuma se revelar uma estratégia suicida.

E por que batem os que batem tanto e com tanto amor à pancadaria desenfreada, como ocorreu com a campanha do Professor Alcides (PL), em Aparecida de Goiânia, que sentou a pua no adversário, Leandro Vilela (MDB)?

A resposta imediata é: porque bateu o desespero. Porque Alcides entendeu que era isso tudo ou nada, a eleição já estava perdida. Porque bater simplesmente é o recurso mais quando não se sabe o que fazer, quando o marketing que assume só sabe fazer isso.

No caso de Aparecida, a política, e não o marketing, mandou em tudo no primeiro turno. Inclusive bateu cabeça na escolha do marketing, que posicionaria a campanha desde o início, algo fundamental em qualquer estratégia de campanha.

Foi a política que optou, finalmente, por marqueteiros que não a contrariaria, que apenas obedeceria ao seu comando. E que, quando desobedeceu, passou a ser sabotada por dentro, em uma ação agressiva de fogo amigo que funcionou. Diante do resultado negativo, quem Alcides culpou por seu revés? O marketing. Transferiu a culpa.

No segundo turno, o jogo se repetiu, em parte. A política novamente escolheu o marketing – ou seja, a estratégia – com base na sua conveniência. Com foco no seu fígado, na sua raiva seletiva. E foi além: entregou a alma ao espelho, quer dizer, a esse marketing que respondia aos seus anseios e compulsão, tão somente. E o marketing conseguiu seu resultado: o aprofundamento da derrocada de Alcides, com o segundo turno resultando pior que o primeiro. 

Enquanto Alcides batia, o grupo de Leandro Vilela rebatia, se debatia, combatia, batendo na mesma medida, em igual intensidade. Porém fazendo algo com que Alcides não se preocupou desde a campanha: construir e fortalecer as bases positivas de seu candidato. Mostrar seus feitos, suas realizações. Dar humanidade a um nome com potencial, embora repleto de feridas expostas.

A campanha de Leandro Vilela – que virou o ‘Vilela’, de Maguito Vilela – construiu-o do zero, em dois ou três meses, enquanto atacava o adversário. Seguiu a cartilha. Apresentou-o com aval do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), do vice, Daniel Vilela (MDB), e do ex-prefeito Gustavo Mendanha. O fez em contraponto aos avalistas de Alcides: o ex-presidente Jair Bolsonaro, o senador Wilder Morais (ambos PL) e o prefeito Vilmarzinho (MDB).

Leandro foi pro ataque, mas também foi pro palanque com propostas, com ideias, com projetos para a cidade. Fez o feijão com Arroz. Disse o que a população queria ouvir. Ironia do destino. Ao que parece, o fato antes negativo, Leandro ter acabado de chegar a Aparecida, acabou sendo positivo, porque deu-lhe a pegada propositiva que se sobrepôs ao bater, bater, bater desenfreado e desmedido do adversário.

Professor Alcides, ludibriado no primeiro turno por muitos ao seu redor, no segundo acabou literalmente derrotado pelos que substituíram os que o atrapalharam. Na campanha, o que estava ruim, ficou pior. No que se refere à sua imagem política, também. O que faltou, terá de ser feito agora: reconstrução dessa imagem abalada. Ou não.

Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação Pública de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).
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