Sandro Mabel e Vanderlan Cardoso são seus maiores cabos eleitorais e seus piores adversários

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Sandro Mabel (União Brasil) é um candidato a prefeito forte por si mesmo. Vanderlan Cardoso (PSD) também. E frágeis pela mesma razão.

Presidente da Fieg (Federação das Indústrias do Estado de Goiás), Mabel tem interlocução direta com setor produtivo, liderança própria nas áreas empresarial e política, experiência em gestão de empresas, histórico de sucesso privado, recursos suficientes para, se quiser, bancar a campanha sem pedir ajuda, e conhecimento dos mecanismos do poder.

E fica mais forte quando se soma a isso um governo bem avaliado e a estrutura de um partido que conhece bem Goiânia: o MDB. Uma máquina eleitoral, como se diz. Mabel terá como cabo eleitoral um governador com 86% de aprovação, segundo pesquisa Genial/Quaest de abril. E com uma aliança partidária que lhe dará tempo de TV privilegiado. Isso de saída. Porque pode ampliar tais vantagens até as convenções.

Não lidera pesquisas. Não é um arrasa-quarteirão. Mas tem tudo para deslanchar.

Uma campanha tem nuances que só quem vive ou viveu suas idiossincrasias sabe entender bem. Ganha quem erra menos. Fato.

Uma ação pontual desastrada ali, uma medida fora do tom acolá, um escorregão de repente, um áudio fora de hora, um vídeo escandaloso, uma declaração infeliz.

Tudo é nada, mas também nada é tudo no andamento das coisas.

Na eleição passada, Vanderlan Cardoso era o candidato vencedor contra Maguito Vilela, que estava com Covid. Falou demais em um grupo de conversas no WhatsApp, outro senador pegou e espalhou. Sua campanha desandou. E depois vieram ainda as declarações sem empatia sobre o estado de saúde de Maguito. Perdeu.

Em 2000, o favorito na eleição era Darci Accorsi. Tinha tudo para ganhar, apesar da divisão na base governista: três partidos – PTB, PPB e PFL – o apoiavam, mas o PSDB do governador Marconi Perillo lançou nome próprio. Em uma entrevista descontraída, deixou-se gravar falando algo em tom de brincadeira. Foi um arraso.

Nem todos são Bolsonaro ou Lula, que dizem coisas que causam espanto, mas nem por isso perdem a eleição. Exceções à parte.

Ter tudo a seu favor é um diferencial de largada considerável, e ninguém tem mais a favor que Sandro Mabel. Tudo conspira para que ele corra à frente. Mas suas declarações até aqui, como a de sugerir que Ana Paula Rezende (MDB) é boa vice por ter um marido bom empresário, tremem as bases de seus apoiadores e estimulam os adversários.

Assim como os conhecidos escorregões de Vanderlan criam expectativas de que a qualquer momento ele colocará tudo a perder. Sozinho.

Vanderlan também tem muito a seu favor, ainda que os revezes nas articulações o desfavoreçam de saída. Senador. Histórico de bom gestor privado e público como prefeito de Senador Canedo (vantagem adicional sobre os outros). Líder nas pesquisas. Empresário com recursos para bancar a própria campanha, como Mabel.

Mabel e Vanderlan são seus maiores cabos eleitorais, mas também seus maiores adversários. São apostas no escuro.

Pra completar, nesta segunda, 15, os dois se desentenderam durante reunião do Fórum Empresarial. Tenso. Mui amigos até dias atrás, inimigos do peito até as urnas.

Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação Pública de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).
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