Troca de ciclo: o fumacê da velha para a nova ordem política em Goiás

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Eleição para prefeito concluída, poeira baixada, começa outra eleição, para governador. O processo nunca para, não descansa. Começa junto outro movimento em Goiás – e outros estados, cada um com seu aparte -, de formação de novos grupos políticos e reposicionamento dos já conhecidos. É a virada de ciclos, o estabelecimento da nova ordem. Desordem. Tanto faz.

O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) é ponto zero da transição. Ele, Iris Rezende e Maguito Vilela eram os nomes estabelecidos há mais tempo e com mais exercício de poder no Estado. Iris e Maguito tornaram-se referência do que era bom e… faz falta. Caiado está na ativa mais do que nunca. É pré-candidato a presidente da República. E cabo eleitoral em Goiás.

Caiado continua no comando político. No próprio comando. Porém mesmo sob suas asas há mudanças em curso. E veja que escolhi a palavra mudança, e não novo, renovação. Porque, se repararmos bem, há mudança em curso, mas não um novo se estabelecendo. Nem do lado governista, nem para as bandas desertas da oposição.

O tucano Marconi Perillo, por exemplo, está sem poder, sem mandato e sem perspectiva ainda de retorno ao governo. Indica querer e trabalhar para isso. Não convenceu. Ainda, pelo menos. Mal faz oposição a Caiado. Aquela oposição, digo. Uma que se possa chamar de oposição com ‘O’ maiúsculo. Marconi também entra na lista dos velhos. Se voltar, será renascimento. Uma segunda chance.

É justamente esse cenário esfumaçado que liga o velho ao novo, o momento que vivemos. E é nesse ambiente que podemos – quem conseguir – divisar o que vem lá. Assim: a mudança em curso é a gestação do novo. Aí se encaixa Sandro Mabel, que é um político de tempos passados, que estava aposentado – ele repetiu isso várias vezes na campanha – e de repente está eleito prefeito de Goiânia.

Marconi tenta. Mabel já vai iniciar um novo ciclo político. O que vai fazer é uma interrogação de futuro. Como são interrogações políticos mais novos, na idade, como o vice-governador Daniel Vilela, o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Mendanha (ambos MDB), o presidente da Assembleia Legislativa, Bruno Peixoto (UB), o senador Wilder Morais (PL). E alguns prefeitos eleitos ou ex.

O campo tá aberto. O espaço é amplo. Principalmente porque muitos dos que parecem bem posicionados e cheios de perspectivas, estão muito prosa, pouca ação. Seus impulsos para o alto estão mais para voos de pato, como se diz. Sustentam-se na consistência de um arroubo. Quem vai vingar é a questão de ordem. Da nova ordem. E quem vai surgir. Da pra arriscar até prognóstico para 2026.

O candidato favorito a governador é Daniel, que assumirá o governo em abril – Caiado garantiu -, preside o MDB, velho mansa brasa, e ajudou a eleger os prefeitos de Anápolis, Aparecida (seu primo) e Mabel. Os outros favoritos – jogo jogado – são Wilder Morais, pelo bolsonarismo, é um nome que não é citado, nem existe de fato como pré-candidato. O novo novo, sem mareietesmento.

Seria um nome do PT? Quem sabe. Vai depender de muita coisa, como o partido se reposicionar, Lula conseguir mostrar melhor o seu governo. Nesse rumo. Esse nome está no jogo, só não sabemos quem é ainda. A não ser que não seja hora de seu nascimento. Porque tem isso. A zona cinzenta, o fumacê, pode assustar. O tempo de transição pode ser longo. E nada impede o florescimento de quem já está estabelecido, ou meio estabelecido.

Goiás está como um campo minado invertido. Um campo de oportunidades. Um vasto céu de nuvens cheias de chuva. Posso aqui encher o parágrafo de metáforas. Em resumo, só pra dizer que é o momento certo para quem quer fazer política no Estado. Boa e má política, infelizmente. Depende da intenção. Porque a terra acolhe tudo. Em se plantando, na política tudo se dá. E isso não é retórica, é História.

Tomara que o tempo nos dê boa colheita no novo ciclo político a caminho. A ruim, que seja derrotada no nascedouro. Nem brote na superfície. Será que estou sonhando em vão?

Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação Pública de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).
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