Expoentes da extrema direita brasileira estão comemorando a vitória de Trump como se fosse vitória deles. Em Goiás, depois das derrotas dolorosas de Fred Rodrigues em Goiânia e Professor Alcides (ambos PL) em Aparecida, Trump é o herói e o discurso é de conquista de Goiás e do mundo. Tudo vai ser diferente, agora que Trump está no poder.
É engraçado e é trágico. Alguns, sabemos, capitalizam o resultado positivo lá como forma de camuflar as frustrações cá. Bem entendido. Isso é marketing e é política. Mas tem esses outros, que realmente acreditam nos próprios personagens do cidadão conservador padrão, defensor de valores altivos como família, propriedade, Pátria.
O raciocínio lógico dos tais vencedores: dane-se que seja a Pátria amada Estados Unidos, e não Brasil, o palco do espetáculo dessa eleição. O país deles move tudo e todos com sua compulsão imperialista, e assim será com todos que se revelarem pedra no seu caminho, inclusive com este solo, mãe gentil? Ok, ok. Mas ganhamos, poxa! Ganhamos e podemos esfregar a façanha deles na face desses nossos esquerdistas de… enfim.
A baba que escorre da boca dos vencedores brasileiros de Trump tem de muitos emigrantes daqui que não ouviram um acorde do discurso vociferante contra os imigrantes lá. Mas tudo bem. Vencemos, não vencemos?, perguntarão sempre nossos conterrâneos que se ufanam do americano way of life, em detrimento do jeitinho goiano ou do jeitão brasileiro de ser, que, por outro lado, nos define.
E no fim talvez seja este exatamente o espírito destes tempos: esses que se fartam no elogio e culto aos seus algozes e às pautas que os descontroem, em nome de uma moral torta, hipócrita e seletiva contra os pobres, vão sempre comemorar as vitórias que os derrotam, não importa se aqui ou lá, naqueles Estados Unidos que, justamente pra se garantir, só respeitam a si mesmo.
Trump vem aí. A salvação para o Brasil? Ou a salvação política para os que o idolatram, a começar por Bolsonaro? Como dizem: God Save America.