Vencer Bolsonaro, salvar a humanidade

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Eu já parei de me espantar com o fato de muitas pessoas ainda acreditarem em tudo que Bolsonaro fala. Tenho pra mim que nem é mais questão de acreditarem nele, e sim de não se desacreditarem. Não vão dar o braço a torcer depois de tanta torcida. Não vão admitir erros depois de brigarem tanto para que os “parentes comunistas” admitissem que estavam redondamente enganados. Não querem ser humildes depois de terem sentido o gosto da arrogância que coloca os que se veem donos da razão contra os… comunistas. Sempre os comunistas.

Eu virei comunista. Podem usar a frase contra mim. Mas primeiro me definam o que é ser comunista. Me ajudem a saber quem eu sou por não ser Bolsonaro, por não acreditar nele e muito menos defendê-lo. Comunista porque não concordo com armamento das pessoas. Não concordo mesmo. Comunista porque defendo respeito e amor ao próximo, e não combate e ódio a quem não comunga das mesmas teses que eu. Comunista porque o mundo não é o meu ponto de visto, ou o meu olhar, ou a minha fé.

Podemos ir longe nisso. O mais impactante é outra coisa. É olhar para mim e não me saber tão absoluto como me julgam os que não vivem em relatividade no mundo. Não sou mais aquele contra o aborto porém jamais cego para a realidade das garotas mortas nas cirurgias clandestinas. Ou este inegavelmente contrário à morte, no entanto capaz de uma loucura contra os que colocarem a vida daqueles que amo em perigo. Ou totalmente, intransigentemente o que busca a redenção, embora sempre caia em tentação. Um pecador, ainda que combatente do pecado. Cidadão que jamais atira a primeira pedra.

Bolsonaro é o assassino da humanidade, toda a humanidade que carregamos em nós mesmos em cada pensamento, em cada ato, em cada lugar. Não se trata de ser de direita ou de esquerda. Sou ambas as coisas, e anti, ao mesmo tempo. Eu e a minha hipocrisia, como a alma e o corpo insensato. E por assassinar a humanidade de indivíduos, ele atinge a Humanidade toda nos detalhes: no negócio da vacina, no desprezo às mortes por danos colaterais ao seu objetivo.

Porque tenho que vencer meus amigos, ou no convencimento, ou no distanciamento, e porque tenho que sobreviver quando meu desejo está em conviver, eu não tenho em Bolsonaro apenas um inimigo: ele é a essência do que não quero nem para o pior dos piores inimigos. Eu já parei de me espantar com Bolsonaro, o tempo passa na rua, nas redes, na igreja, passa absolutamente, para que seu poder seja devolvido à teoria do fascismo, do cinismo, cretinismo, anti-cristianismo, ‘hipocrisismo’, que tal, e não mais pertença à nossa realidade. Para que seus crentes sejam redimidos antes que eliminados. E para que, depois de derrotados, sejam postos no purgatório: ou acabam com essa fé, ou se deem por acabados de uma vez por todos.

De relativo neste combate, só as armas. O final da história é vitória ou não é. Ou é sentimento, ou é NÃO.

*Publicado primeiramente em Goiás Notícia.

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