Tem dia que pega fogo. Outro dia é calmaria. As pré-campanhas para as eleições do ano que vem estão acesas e são ativadas de acordo com as circunstâncias e o fôlego dos jogadores. Nos últimos dias, com o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) na China, o que vimos foi a política goiana em fogo brando. Um fio de lamparina acesa.
Caiado dita o ritmo, marca o compasso, controla a fogueira das vaidades. Na volta, um dos pré-candidatos a prefeito da Capital, Bruno Peixoto, disse ao O Popular que o governador deixou claro a importância da sua permanência no comando da Assembleia para o projeto de candidatura à Presidência. Bruno pediu mais um tempinho para apagar sua brasa: fevereiro. Até lá, continua pré-candidato. Ele é o nome que ganha mais corpo na base governistas, o empresário e ex-prefeito de Trindade Jânio Darrot.
Fica claro que Bruno já parece ter aceitado que não é o escolhido. O tempo é apenas regimental com um pingo de gasolina com esperança: e se Darrot desagradar o governador até lá? A pronta declaração de Bruno – mal chegou, já deu o recado – mostra que o governador já vislumbra o cenário que quer. Agora, é administrar os dias, as horas e a ansiedade da turma. Até para não atrapalhar seu momento de alta visibilidade com farta distribuição de brinquedos e animada programação de Natal.
Caiado age em sintonia com o vice, Daniel Vilela, presidente do MDB. Daniel se esforça para isso. Quanto mais satisfeito estiver o governador, mais tranquila será a relação dos dois e mais garantido fica a parceria com natural desdobramento, em abril de 2026, quando Caiado deverá se desincompatibilizar para, quem sabe, ser candidato a presidente. Significa que saber agora se Jânio será candidato a prefeito pelo União Brasil ou MDB não muda a essência, ele será o nome governista, de Caiado e Daniel.
Ainda sobre a chapa, Ana Paula Rezende topando ser a vice, natural que ela seja União Brasil-MDB. Ana Paula nasceu emedebista de pai e mãe Iris. Essa chapa parece absorvida pela base, inclusive. Sem estardalhaço, este foi o principal assunto entre caiadistas e emedebistas enquanto o governador esteve na China. Nasce – por enquanto como especulação – na paz, e com potencial de apaziguar os ânimos numa estrutura que é ampla e, portanto, difícil de ser administrada.
Caiado e Daniel podem então começar a preparar o dia seguinte, que é trabalhar pela vitória. A definição dos candidatos na Capital é só o primeiro passo. Vencer é que são elas. Há nomes mais conhecidos que Jânio e com estrutura suficiente para lhes dar perspectiva real na disputa. Goiânia não será palco de uma simples diatribe do governador. A guerra será real principalmente para Daniel, que se estabelece como líder. No fogo cruzado, estará o futuro do jogo do poder em Goiás.
* Texto publicado pela Tribuna do Planalto