Vanderlan Cardoso joga dois campeonatos de uma vez: prefeitura de Goiânia e Governo de Goiás

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Vanderlan Cardoso está em campo para disputar a Prefeitura de Goiânia. Quando alguém pensa que ele está desistindo, de repente leva um chapéu. Vanderlan já foi jogador de ponta em times de governos e da forte agremiação emedebista. Hoje, joga contra todos, porque ninguém o quer no time e muito menos vencedor.

O senador do PSD tem adversário inclusive dentro do próprio partido. Fogo amigo de alta periculosidade. Foi uma queda de braço pública a tomada do PSD, legenda de resistência do ex-deputado federal Vilmar Rocha, que até hoje não absorveu o golpe. Significa que Vanderlan, na prática, jogará sempre com time dividido.

Corre avançada a negociação entre o Vanderlan e o PT de Lula para eventual dobradinha em 2024, com ele saindo de campo para apoiar Adriana Accorsi, e nova aliança, em 2026, com os petistas apoiando seu nome para o governo de Goiás. Vilmar se posiciona contra. E Vanderlan provoca os possíveis novos aliados a fecharem logo o bom negócio ou saírem de sua linha de visão periférica.

Ao mesmo tempo, o governador Ronaldo Caiado não esconde que o quer derrotado, de preferência goleado. O problema é não ter craque que se imponha contra o hoje líder nas pesquisas. Tem jogado voluntarioso, que corre sem parar e não tem medo de dar carrinho. E que, até agora, não avançou a ponto de ameaçar. Porque Vanderlan, sem se lançar candidato e sem fazer barulho ou movimentos ousados de pré-candidatura, segue líder nos levantamentos, com pinta de virtual vencedor.

Vanderlan se arrisca em todas as frentes. Peita o bolsonarismo, seus companheiros até poucos dias, e provoca tabelinha com o MDB, abrindo conversação que envolva a disputa estratégica em Anápolis. E mais, se caso for. É para isso que brigou pelo bracelete de capitão no PSD. Por mais difícil que seja imaginar que o MDB vá fazer graça para ele, que almeja o governo em 2026, assim como o vice-governador, Daniel Vilela.

No contrapé das jogadas de Vanderlan, no entanto, está Senador Canedo, onde foi duas vezes prefeito e mantém considerável liderança. Pode apoiar o nome do governo/MDB, o atual prefeito, Fernando Pellozo (União Brasil), que lá atrás tirou do bolso do colete e com quem anda estremecido? Complicado, pelas razões postas. Pode lançar sua esposa, a suplente de senadora Izaura Cardoso. Quem sabe.

Vanderlan joga. Não joga bonito. Mas joga pra ganhar. Tem ainda três anos de mandato de senador e prováveis adversários difíceis numa reeleição, como a primeira-dama do Estado, Gracinha Caiado. Melhor, entende, armar-se para disputar o governo. A tese: mais fácil vencer Daniel do que ganhar a prefeitura agora. Taí um excesso de confiança que anima a torcida e valoriza o campeonato. Combustível adicional.

Convenhamos. Vale o registro. Pela tradição de jogo do senador, o maior adversário de Vanderlan costuma ser não os adversários da vez, mas ele mesmo. Quem não viu esse jogo: quase ganhando, com a mão na taça, Vanderlan vai lá e… faz gol contra. Perde para ele mesmo. Ele mudou? Haja emoção.

* Texto publicado pelo Diário de Goiás

Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação Pública de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).
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