Um grande acordo pode levar a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Seção de Goiás, a nem ter disputa para o seu comando no próximo triênio. Essa é a ambição de nomes fortes da atual direção e do maior grupo de oposição, mas que já presidiu a Ordem em outros tempos, o OAB Forte. O sonho: 1) um consenso amplo para uma chapa que seria imbatível; ou 2) chapa única.
A eleição será em novembro, logo após a disputa pelas prefeituras, e o atual presidente, Rafael Lara Martins, que esteve cotado para ser candidato a prefeito de Goiânia, vai tentar o segundo mandato. No pleito passado, de 2021, quatro candidatos disputaram a honra, o poder e a glória de presidir a entidade: Rafael Lara, Pedro Paulo de Medeiros, Rodolfo Otávio Mota e Valentina Jungmann.
Há diferenças de ideias e projetos nos dois maiores grupos, o que comanda e o que já comandou e quer voltar:
a) o que comanda a entidade atualmente é liderado por Lara e tem no ex-presidente Lúcio Flávio e no presidente da Casag, Jacó Coelho, suas maiores referências. Lara chegou ao poder bancado por Lúcio e com a renúncia de Jacó em ser o candidato da vez, tido como natural à época.
b) o outro, da OAB Forte, principal adversário de Lara, se baseia nas lideranças de Felicíssimo Sena e Miguel Cançado, dois ex-presidentes. O nome que puxou a resistência contra Lara e, antes, contra Lúcio, representando o grupo foi Pedro Paulo. Em todos os embates, a luta foi renhida, com denúncias de parte a parte, ataques e muitos choros e velas acesas na promessa de revanche.
O que há neste momento, em que tradicionalmente os interessados começam a se apresentar para a guerra: a costura à mão – muitas mãos – de um amplo e providencial entendimento que uniria no poder quem está e quem esteve, de preferência em uma chapa única, consensual, ampla e, ambição das ambições, irrestrita.
Conversas iniciais mostram animação e cuidado mútuo dos protagonistas, que preparam campo sem ousar ainda admitir o que já ocorre. No embalo das motivações está o fato de que vários dos atuais adversários – uma conta em aberto – já estiveram no mesmo ninho, em tempos idos e bem vividos em conjunto.
Há, em tudo, muito a ser ganho e tanto mais a ser perdido ao menor erro de cálculo e arranhão nas imagens em jogo. Por exemplo: os interesses em negociação são particulares ou de verdade representam as marcas e chapéus que defendem, como grupo atual, que sempre pregou a renovação, e OAB Forte? As conversas incluem quem, exatamente, nas apostas, com as inevitáveis perdas e ganhos?
Paralelamente a esse movimento é que advogados e grupos restritos de advogados, compostos por também ex-adversários e novos pretendentes a líderes, dialogam entre si. O propósito é igual, a conquista do poder, embora em condições bem diferentes. Não está descartada nem mesmo a escolha de um nome de consenso para enfrentar as duas vias que podem juntar forças: a atual diretoria e integrantes das anteriores.
Uma foto chamou a atenção dias atrás, por sua simbologia. Ela está postada nos perfis dos seus próprios e alegres integrantes, nomes conhecidos de eleições na OAB-GO: Leon Denis, Júlio Meirelles, Rodolfo Otávio Mota, Valentina Jungmann, Bruno Pena e Karolinne Pena. Encontro casual de amigos? Recado claro e cristalino de uma possível aliança em andamento, ou disposição para tal? Aliança única, embrião de outra, a ser mais abrangente, ou uma de outra(s) possível de ser alinhavada no contrapé da estratégia armada?
O princípio da reação: o consenso entre grupos há anos hegemônicos no comando da OAB-GO mostra-se é uma ação pragmática em busca de vitória rápida e certa; mais barata, inclusive, já que as eleições na seccional goiana costumam movimentar somas relevantes para o mercado, competindo em valores com as eleições para prefeituras maiores e outras. Porém, nenhuma união por cima é à prova de balas e explosões por seus flancos.
Política é disputa por espaço; espaço vago é espaço a ser ocupado. Oposição morta é oposição posta. Nas entrelinhas da disputa na entidade, uma ponta solta: a presença indireta do governador Ronaldo Caiado como cabo eleitoral.