Integrantes do governo estão em busca de duas coisas neste momento: fazer o candidato da base, Sandro Mabel (União Brasil), falar menos, e convencê-lo de que precisa de treinamento. Media training, que é a preparação de políticos para a exposição aberta em discursos, entrevistas, conversas amplas. Por mais experiente que Mabel seja, é na hora de falar que ele anda criando desgaste pra si mesmo, como na declaração de que Ana Paula Rezende (MDB) seria uma boa vice porque o marido dela é um bom gestor. Querem aprumar seu discurso o mais urgente possível, e contam com operação interna especial para isso.
Os candidatos, na prática, ainda estão na fase das platitudes. Uma delas é dizer que Goiânia precisa de um bom gestor. A questão: alguma cidade precisa de um gestor ruim? Outras: “Vamos melhor Goiânia”, “a população será ouvida”, “a cidade está encardida”. Coisas do tipo. Muletas, no jargão popular. Nada ainda de algo consistente, como dizer o que pensa sobre a Comurg e pretende fazer: vai ou não extinguir? Porque dizer que “é preciso acabar com a corrupção” e que será “transparente” está mais para nada dizer.
Não ter um discurso pronto é uma coisa; apelar para o ‘embromation’ é que são elas. Ajustar esse pequeno ‘detalhe’ é a meta principal dos governistas para Mabel, enquanto buscam mais substância para as discussões que importam à cidade e a população. Vanderlan Cardoso (PSD) pelo menos tem a experiência de outras eleições e uma preocupação maior em focar o debate na cidade. O mesmo vale para Adriana Accorsi (PT). O PT iniciou a elaboração do Plano de Governo. Enquanto isso, ela fala com propriedade sobre questões pontuais que conhece. Sabem o que estão fazendo.
As platitudes de Mabel preocupam mais porque mostram um pré-candidato desatualizado com a cidade. E pode resvalar para a ponderação, por parte do eleitor, que é um bom gestor, mas para a iniciativa privada, já que não foi ainda administrador público, vantagem que leva Vanderlan. Mabel precisa também se distanciar da visão que é propagada a respeito de Gayer, que nem platitudes tem falado sobre a cidade, ficando mais no sou ou não sou candidato. No caso dele, porém, há uma máquina de propaganda digna de respeito: o bolsonarismo. Ele vai levando.
Leonardo Rizzo (Novo), Matheus Ribeiro (PSDB) e Fábio Tokarski (PCdoB) vão na mesma linha das platitudes até agora. Porém, são menos cobrados, já que não estão no grupo de frente das pesquisas. E aí uma situação a ser pensada por eles: com baixa possibilidade de eleição neste momento, e sem força política para chamar a atenção para seus nomes, ter um discurso de resistência seria um diferencial para a ocupação elementar de espaços. O discurso raso, vazio, só afasta quem quer ou gostaria de ouvir, por exemplo, o que os outros não dizem.
O caso mais curioso é o do prefeito Rogério Cruz, neste quesito. Ele não fala platitudes. Mas também não fala como candidato, mostrando o que vai fazer. Ele fica preso ao que está fazendo. Ou seja, mantém-se preso a uma pauta que até agora tem resultado em uma coisa concreta: baixa avaliação da gestão e mais baixa ainda intenção de voto. Em síntese: Rogério não tem discurso. E, ao contrário de Gayer, não tem grupo político que o carregue.