Os grupos de WhatsApp com militantes e apoiadores da direita estão em atividade acelerada. Impressiona como uma causa dentro da causa cause tão profunda movimentação. Uma palavra melhor: cause tão profunda excitação.
Nada de novo nesse front. Acompanho quantos posso e nunca me acostumo com o frisson – outra palavra boa nessas horas. A criatividade é algo fora da caixinha. As surpresas se sucedem. Não me canso de ver para crer. Delírio puro.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, está apanhando horrores. Os memes, as montagens – tudo a mesma coisa, ou tem diferença -, as histórias que surgem, os fatos mirabolantes que saem da cabeça dos criadores de mentiras para o cérebro dos agarradores dessas mentiras explícitas é fenomenal. E triste.
Incrível que o baixo nível aviltante, os ataques baixos e a evidente canalhice das desinformações resultem em frequentes exaltações de júbilo e comemoração entre os participantes. Como há muitos em silêncio, como eu, teimo em acreditar que os que compactuam é mínimo, e que a iniquidade não predomina.
Revoltante ver como personagens da política são retratados como animais repulsivos, como suas imagens humanas são desrespeitadas em deboches e desenhos histéricos que descem fácil ao fundo dos infernos para sapatear sobre o inimigo, o adversário, o antagonista de suas ideias e concepções.
Quem já viveu muito certamente não estranha a degradação do outro por aquele que se julga superior moral. São incrivelmente milhares, milhões, os que não deixam de jogar a primeira pedra, para não perderem a oportunidade de se mostrar o próprio Jesus das escrituras.
São o Jesus que lhes convém. São os abençoados que não se contêm diante do pecado alheio como se fosse este um presente divino para alimentar a sua própria santidade – ou bispalidade, se preferirem. São Jesus acima de todos e de tudo o mais que julgam indigno e errado e condenado sem a menor cerimônia.
Cada Jesus protege a honradez da família e dos bons costumes com as vísceras que possui. Cada hipócrita da desídia divina que enviam ao cadafalso, uma oração elevam como salvação da Terra e dos céus, ainda que o amém seja o assassinato de reputações e o afogamento das próprias almas no fogo dos espíritos que não se enxergam e nunca, jamais, nem mesmo se perdoam, por não se reconhecerem devedores.
Cada Jesus crucifica o seu próximo. Mas sem drama. Não digo que não admiro a torpeza e a imaginação juntas. Tem uma certa beleza estética o morto-vivo virtuoso. Deve ter. Procuro o defunto inspirado no que espelham… o centro do universo paralelo… ser iluminado pela brincadeira com que tratam a auto-vilania como princípio heroico. Busco o ponto onde veem bondade na maldade que fazem sorrindo. Felizes da vida. Até babam.