Gustavo Mendanha: caititu fora do bando?

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Hoje, a pauta era para ser Gustavo Mendanha. Será. Só que o foco mudou. Era pra falar que ele tem ouvido boas novas em Brasília sobre a possibilidade de ser candidato em Goiânia ano que vem. Todos sabem que ele vem de dois mandatos seguidos como prefeito de Aparecida e um terceiro, mesmo na Capital, não é, por ora, permitido. Simples assim.

Mas tem fato novo no meio do caminho. Na semana passada, sua casa foi alvo de busca e apreensão da Polícia Civil, em investigação que tem possíveis irregularidades na construção da nova sede da Câmara de Vereadores de Aparecida como alvo. Ele já falou sobre isso: não tem nada a ver com nada, e estranhou essa visita. Sim. Nada foi apresentado que o comprometa.

Mas a polícia foi na sua casa e isso tem um peso na imagem. Não dá pra minimizar o fato. O estrago vai depender dos desdobramentos e da chamada gestão de crise que Gustavo vem fazendo. Uma coisa que estava evidente, mas que a situação toda deixou mais clara ainda é que ele segue sem trincheira pra chamar de sua.

É caititu fora do bando, como repete muito o governador Ronaldo Caiado sobre aqueles que caminham isolados na política. Gustavo já anunciou ida para o MDB, mas o ato de filiação é sempre adiado. E ele não está entre os seus há bastante tempo. Juntou-se, em verdade, aos inimigos. Os inimigos Caiado e Daniel Vilela, vice-governador e presidente do MDB, são seus novos amigos.

Gustavo vinha em lua de mel com o governador. Vai continuar? E o que seu eleitorado acha disso? Ele tem participado de várias agendas do governo. Na mesma proporção, tem se ausentado de Aparecida, sua base eleitoral. Lá, está em confronto com o atual prefeito, seu ex-vice, e com companheiros que ajudaram em suas vitórias.

E, como estão os fatos, sua briga é mais para resguardar interesses de seu círculo do que da cidade inteira. Não quer dizer que seja isso, mas é o que seus ex-amigos e agora inimigos locais estão tratando de firmar. Inclusive aqueles que apóiam não o prefeito Vilmar Mariano, mas o deputado federal Professor Alcides, outro que estava presente em sua reeleição e que agora está mais para adversário.

Gustavo foi candidato a governador de oposição e agora elogia o governo que combateu. Era aliado de Vilmar e Alcides e hoje está às turras com eles. Não tem um candidato natural em Aparecida. Não tem mandato. Não é mais referência como oposicionista. Essa “vaga” segue aberta e naturalmente será ocupada por alguém.

Está e não está em um partido que é controlado por Daniel, com quem há pouco estava rompido, e numa relação que, dizem os mais próximos deles, não há confiança mútua. Era bolsonarista, mas agora está se aproximando de petistas, nos bastidores, que o ajudam na tentativa de reversão do impedimento de candidatura na Capital.

Não defende mais com entusiasmo, por exemplo, o ex-presidente Bolsonaro, apoiador declarado de Alcides em Aparecida.

A melhor coisa que poderia acontecer para Gustavo, hoje, seria mesmo a candidatura em Goiânia. Ele aparece como favorito. Como favorito, pode reverter qualquer desvantagem. Dependerá dele. Agora, sem isso, o que resta? Ser cabo eleitoral em Goiânia e Aparecida? Consta que ele tem negociado com Caiado e Daniel ser candidato a senador daqui a dois anos. É uma perspectiva. Mas e se esse apoio não vier?

Talvez, o momento para ele não seja de se apresentar como nome pelo qual as eleições de Aparecida e Goiânia passam. Porque nomes passam. O que não passa é o eleitor. O eleitor dá o apoio, o mandato, a confiança, mas também tira ao menor sinal de decepção ou contrariedade. Ilusão alguém achar-se dono de votos. A população tanto ama eleger como também ama derrotar. Político fora da urna é comida de raposa eleitoral.

*Texto publicado pelo Diário de Goiás

Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação Pública de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).
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