Caiado, Daniel Vilela, Vanderlan, Adriana Accorsi e Ana Paula Rezende: e agora?

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O senador Vanderlan Cardoso (PSD) faz articulação estratégica para amarrar a sua candidatura a prefeito de Goiânia oferecendo a vice ao MDB, mas sem fazer o gesto necessário a quem hoje tem grande influência no MDB: o governador Ronaldo Caiado (União Brasil).

Ilusão imaginar que o vice-governador e presidente emedebista, Daniel Vilela, vai fazer algo sem antes ajustar com Caiado. O governador já disse que renunciará em abril de 2026, está em uma cruzada para ser candidato a presidente, e o mais estratégico para os dois é amarrar juntos as decisões mais estratégicas para estas eleições.

Vanderlan não terá o MDB sem que se entenda com Caiado, simples assim. Possível o entendimento? Quase impossível. Estão em pauta jogos políticos, mas também vaidades. Seria preciso superar isso. Quase não é impossível, entretanto. E Vanderlan terá que agir logo.

Caiado retorna de Israel com disposição de decidir quem será o candidato de sua base ao governo. Jânio Darrot está em ação, porém não empolgou. Ana Paula Rezende foi chamada de volta à disputa e há expectativa de que diga sim, o que mudaria o tabuleiro.

Nesse ambiente, Vanderlan consegue convencer Caiado e Daniel a desistirem de lançar um nome e apoiá-lo? Há confiança suficiente de que Vanderlan, eleito prefeito, não será candidato a governador em seguida, ou apoiará com convicção e vontade Daniel para uma eventual reeleição, no que seria um acordo costurado para justificar a aliança agora?

Pesa contra Vanderlan a desconfiança política de que não cumpre trato, o que ele nega. Reservadamente o que ele argumenta é outra coisa: ele cumpriu; quem não cumpriu foi Caiado, que teria acertado com ele a decisão de veto a eventual vice em sua chapa.

Vanderlan, neste caso, terá de levar em conta uma regra muito repetida por um de seus principais estrategistas: quer ter razão ou ganhar a eleição? Se decidir ter razão, aí que a aliança com Caiado não sairá mesmo, uma vez que a Caiado, se é que de fato topa ainda apoiá-lo, só interessa o gesto da desculpa pública por questões pessoais entre ambos.

O mais curioso nessa história é perceber o papel que o PT aceita calado. Adriana Accorsi, a pré-candidata petista, ofereceu abertamente a Vanderlan um acordo para ele não ser candidato agora. Extra-oficialmente essa negociação envolveria até um ministério no governo Lula (o que é dito mas não é comprovado).

No mínimo, o PT daria a vice na Capital a Vanderlan, apoio à pré-candidatura a prefeita da esposa de Vanderlan em Senador Canedo, Izaura Cardoso, e, cereja do bolo, apoio de Lula em 2026 para o hoje senador ser candidato a governador. Quer mais?

E vejam só. Vanderlan esnoba a proposta do PT e busca conforto no MDB, que tem a maior estrutura partidária em Goiânia, e não dará um passo a seu favor sem concordância de Caiado, com quem não se entende e cujo partido abriga atualmente o prefeito de Senador Canedo, Fernando Pellozo, com quem Vanderlan rompeu e contra quem está lançando sua esposa apesar de ser ele próprio candidato na vizinha Capital.

O fator Ana Paula Rezende será importante em tudo. Vanderlan sonha com ela na vice, uma emedebista com história, filha do casal Iris. Caiado também a quer, mas a candidata. Ana Paula volta a ter seu nome no jogo não é à toa. E sua nova decisão, se será ou não candidata, e a que cargo, ditará o rumo das eleições em Goiânia.

Ana Paula vice, candidata a prefeita ou fora definitivamente do jogo? Essa a pergunta da vez para Vanderlan, Caiado e Daniel, e para Adriana Accorsi. Com ela, uma coisa, sem ela, outra história.

*Texto publicado pelo Diário de Goiás

Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação Pública de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).
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