Caiado põe Darrot no jogo em Goiânia e ganha tempo e mais controle

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Hoje, o pré-candidato do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) à prefeitura de Goiânia é o empresário e ex-prefeito de Trindade Jânio Darrot (MDB). Coisa de pouco mais de uma semana para cá. Darrot é um líder consolidado em sua cidade e novidade como alternativa na Capital. Quem o colocou no jogo foi justamente Caiado.

Com Darrot entre os possíveis pré-candidatos, a base governista passa a ter dois nomes. O outro é o presidente da Assembleia Legislativa, Bruno Peixoto (União). Bruno foi pego de surpresa, como deixaram claro assessores seus durante a semana passada. Ele trabalha para ser “o” abençoado pelo governador. E aí é que está: se a base já tem Bruno, por que Darrot? As explicações são amplas e mostram um lance estratégico de xadrez político.

Há muito se sabe da contrariedade de Caiado com o movimento de Bruno Peixoto para ser candidato. E inclusive de conversas duras entre os dois com aconselhamento ao deputado a ficar onde está. Bruno quer mais poder? Eis a questão que surge nas conversas internas de aliados. Como Ana Paula Rezende (MDB) anunciou que não será pré-candidata e Gustavo Mendanha (MDB?) pode não se viabilizar a tempo por ter exercido dois mandatos seguidos em Aparecida, a base governista volta ao jogo com um nome do MDB, aval do governador e alternativa a Bruno.

Não só isso. Com Darrot no jogo, Caiado também põe um freio nas conversas de que o senador Vanderlan Cardoso (PSD) já estaria a um passo de ter seu apoio. Dificilmente terá, essa a mensagem dos mais próximos do governador. Caiado também ganha tempo, quem sabe para Gustavo conseguir se viabilizar ou ele convencer Ana Paula Rezende a voltar ao jogo. Ela sempre foi apontada como seu nome preferido. Seu e do vice-governador e presidente estadual do MDB, Daniel Vilela.

Darrot tem credibilidade para ser citado como possível candidato em Goiânia. O fato de não ser conhecido não é nem impeditivo, nem um peso. Com tantos nomes na disputa e quase todos com baixa intenção de voto, neste momento, há tempo para trabalhar-se o nome de Darrot e apresentá-lo exatamente como uma novidade. E ele se encaixa como uma luva no principal quesito da população para escolher o novo prefeito da capital: ser bom gestor. A seu favor, contam dois mandatos muito bem avaliados em Trindade.

Darrot pré-candidato a prefeito é ainda a demonstração clara de que Caiado controla e vai controlar enquanto puder o jogo eleitoral em Goiânia. Outro tempo que o governador ganha: para ver como fica sua articulação de olho na candidatura a presidente da República. Muito chão ainda.

Governador está longe de dar xeque-mate

O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) pode apoiar Jânio Darrot (MDB), Bruno Peixoto (UB), Vanderlan Cardoso (PSD) – o mais difícil de acontecer – e nada impede que apoie um outro nome do Republicanos ou do PL. As especulações de que ele pode se transferir para um destes dois últimos partidos são reais e, a depender do desenrolar dos fatos até julho do ano que vem, são reais e capazes de mudar o rumo de sua decisão final.

Caiado não esconde de ninguém que o seu maior desejo é ser candidato a presidente da República, pelo União Brasil, Republicanos, PL ou até outro partido com capilaridade nacional. Se este é o seu alvo principal, a prefeitura é meio, não fim. A negociação para o seu apoio ano que vem, portanto, passa muito mais por uma composição que o favoreça em 2026 do que por qualquer outra coisa.

Colocar mais um pré-candidato da base governista em Goiânia passa a ser jogada estratégica, para que ele possa deixar o tempo correr e dialogar com todos. Sem falar que deflagrar uma pré-campanha neste momento, a um ano da eleição, é tudo que um governo não precisa, porque também vira alvo. Aliás, algo que Bruno Peixoto parece não ter compreendido ao acelerar a corrida interna para escolha de seu nome como candidato. Bom para ele, péssimo para Caiado.

Caiado não brinca quando diz que articula para disputar a Presidência. É a sua última oportunidade. Não vai recuar fácil. E para tentar se viabilizar vai fazer as jogadas que entender necessárias. Vai aliar-se a quem for preciso ou eliminar quem estiver atrapalhando. Nem o PT, o escolhido adversário, escapa de seus lances. E como pesquisas mostram sua avaliação nas alturas em Goiás, usará este capital eleitoral para mexer nas pedras do tabuleiro goiano e goianiense, ou remover as que forem necessárias, sem pensar duas vezes.

A mensagem: não olhem para o tabuleiro com Caiado vendo jogo de damas; é xadrez e jogo de vida ou… fim.

*Texto publicado pela Tribuna do Planalto

Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação Pública de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).
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