‘Goiânia É Darci Accorsi’; Adriana é Goiânia’

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Somar é o conceito-chave da pré-campanha da deputada federal Adriana Accorsi (PT) à Prefeitura de Goiânia. Conceito bom. O governo federal busca exatamente isso: somar apoios, somar aliados nas várias representações da sociedade, somar forças contra o bolsonarismo. Somar é, portanto, uma chamada política. O foco está na união, no esforço conjunto pra tirar o País do buraco – e a cidade, do descaminho.

O eleitor entendendo o conceito, perfeito. A soma de quem se juntar a com Adriana e o PT não será de desgastes, e sim de conquistas para a cidade. De quebra, mais gente se somando a Lula nacionalmente. A pergunta que fica é: o foco na soma é o que o goianiense quer? É o que vai atender ao seu interesse imediato? O que vai despertar a sua paixão e conquistar o seu voto?

Em pesquisas e nas conversas aqui e acolá, vejo sobressair um ponto mais certeiro que somar como mote para o que o goianiense deseja. Algo como: olha o que fizeram com a cidade; vamos tirar essa gente e arrumar essa bagunça.” Uma coisa seca, objetiva, prática. A população nem parece raivosa com o atual gestor; só não o quer mais; e quer coisas básicas: cidade limpa, obras concluídas, vida que segue, emprego, saúde funcionando, educação de qualidade e com vagas para todos. Assim.

Mote parecido foi usado por Nion Albernaz ao suceder exatamente o pai de Adriana, Darci Accorsi, como prefeito. Na campanha, a defesa de uma prefeitura que funcionasse bem para os cidadãos. Na posse, o recado simples: “Vamos desencardir Goiânia.” Quem não se lembra? A Capital goiana passou a ser não só uma cidade limpa: ganhou flores, jardins espalhados por ruas e praças. Não foi, aquela, uma gestão de obras; foi antes uma administração do sentimento de amor e orgulho dos goianienses com a sua cidade.

O PT já administrou Goiânia três vezes. Acompanhei as três gestões e sou testemunha dos bons feitos de Darci, Pedro Wilson e Paulo Garcia. No entanto, a percepção, segundo pesquisas, é outra, negativa. E isso tem a ver também com a desconstrução ao PT tocada pela direita nos últimos anos. Somando tudo, o resultado é desgaste com o qual Adriana terá de lidar. Como fará isso será decisivo para definir como se será ouvida e compreendida pelo eleitor.

A primeira peça publicitária divulgada com o mote ‘somar por Goiânia’ traz o embrião de algo poderoso, certeiro, em relação ao que as qualitativas parecem gritar e ao discurso da simples soma de forças para mudar a realidade de Goiânia hoje: a proposta de uma prefeitura na porta de casa. Uma gestão disposta a ouvir e resolver os problemas que se vê da janela. Daí para resolver os malfeitos da cidade inteira é um pulo. Uma mensagem irretocável. Que vai ao encontro de um a um por todos.

A ver, pois: por que o protagonismo racional – o mote na soma, na política – se o que toca fundo na população é a eliminação de problemas imediatos que demandam mais gestão competente do que excesso de gente? Não é excesso de políticos e aventureiros subtraindo que se tem hoje? Ao contrário do que serve a Lula, não está invertida a ordem de grandeza para Adriana ser prefeita? A cidade viva está querendo respirar. ‘Goiânia É Darci’. Adriana é ou não é Goiânia?

*Texto publicado pelo Diário de Goiás

Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação Pública de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).
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