Quando o amor acaba, acaba. Não desaba sobre a cabeça de ninguém. Isso é coisa de gente sem coração. Acabar é vida, coração além. Aviso: não é bom. Quem terminou ou viu, da parte do outro, terminar um amor que tinha tudo para ser máximo e maravilhoso?
Se acaba, era desde sempre um amor com vida imprópria, tamanho e distância definidos, era uma promessa que se extravasou de momentos, mas não extrapolou. Acaba porque temos sempre um fim à espreita, e um recomeço querendo começar.
Quando o amor acaba, ele vira avalanche de magma descendo com a pressa de chegar aonde nunca soube. Este amor acumulado com fervor sob a terra, que causa tremor, arrepio e erupção. Este amor que se expulsa e que se aquece acorrendo pelo chão. Amor indelével.
Estou acabado de todo jeito. Acabado por seu amor. Acabado por conter ardor, fervor, por ser vapor e evaporar por trilho feito vagão sem condutor. Estou acabado de tanto amar e ser amado e não saber qual amor é o maior de todos, e toda vez sentir no peito a derrama definitiva da chuva de fogo e drama.
O amor acaba antes ou depois de mim? O amor acaba. Eu acabo. O amor é o caos que me domina e a paz que me conduz. Não posso acabar com o amor. O amor não acaba comigo. Toda vez que estamos em perigo, o amor acaba em mim, e eu me acabo em amor até o fim. O amor e eu nunca temos fim.
* Texto publicado pela Tribuna do Planalto