Os outros candidatos em Goiânia vão ficar parados vendo Mabel e Caiado fazendo festa?

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O nome de Sandro Mabel como o candidato da base governista para a Prefeitura de Goiânia saiu em meio a conversas de bastidores, um clima de surpresa, comemoração e boa aceitação entre aliados e a natural caçada da imprensa ao furo de reportagem, a sofreguidão para ver quem noticiava primeiro, quem confirmava primeiro e quem mostrava que já sabia e bem que avisou.

A manchete principal no principal veículo impresso da cidade foi o ápice de uma, embora não programada, bem sucedida estratégia de lançamento deste nome. Mabel chegou chegando. O governador Ronaldo Caiado capitalizou sem dó nem piedade com os adversários. Esse é o jogo jogado. Mostra com toda sua circunstância e nuances o tamanho da candidatura para os adversários. Agora é pra valer.

Caiado não fez campanha. Fez política. Seu pré-candidato foi apresentado como fato, notícia, solução – na verdade, solução pra ele, e não para a cidade -, e teve uma generosa arrancada. Fez isso sem gastar dinheiro e sem precisar fazer evento de largada.

E depois continuou produzindo notícias, com entrevista, mais reuniões no Palácio e mais movimentações de bastidores que tem alimentado a imprensa e o imaginário. Não quer dizer que disseminou o nome e fez em dois ou três dias todo o trabalho de uma pré-campanha. Quer dizer que fez barulho e chamou a atenção. Agora, sim, virá a campanha.

Há sorte e habilidade em meio a tudo isso. É aproveitar os acontecimentos e fazer disso algo maior. Dar a isso o sentido de um jogo armado, elaborado e genial nem é cabotinismo. É política. Capitalizar não é pecado. Bem feito, torna-se exemplo de admiração.

Veja o contrário: o impacto negativo que a ação toda dos últimos dias teve sobre a imagem de Vanderlan Cardoso (PSD). Vanderlan estava nos céus dos favoritos e desceu ao inferno das incógnitas. Se é hoje que se faz o amanhã, ontem ele estava melhor. Amanhã? Talvez. Precisará renascer das cinzas. Colher o que plantou, se não for isso que está acontecendo.

E agora, como disse, virá a campanha de verdade, o pé no chão, o desafio de transformar a boa escolha em vitória. Não esperem de Caiado, Mabel, do MDB uma pré-campanha de agora em diante, no sentido de uma coisa mais sutil e preparatória. O que se verá é o que já conhecemos: campanha como avalanche.

O sinal de alerta para os demais pré-candidatos é este. Estarão em campo a partir desta semana a máquina do governo, a máquina que Mabel e seu poder de mobilização do setor industrial – e outros, a máquina do MDB de Daniel Vilela, que elegeu Maguito Vilela e Iris Rezende, para não irmos longe.

Mais do que marketing, estamos falando de estrutura abrangente, agenda, gente na rua, movimentação com e sem pressão. Natural, diga-se. Cada candidato entra na disputa com o que tem. Mas natural também, portanto, que os adversários redobrem esforços e se atentem para suas próprias (pré)campanhas.

Esse modo morno de levar a pré-campanha enfrentará nos próximos dias o modo agressivo de fazer campanha de todos esses nomes e os que eles forem juntando aqui e ali. Óbvio que o mais importante é o eleitor. Mas não se trata disso.

Não se trata de esperar que o eleitor rejeite essa demonstração de força e faça como sempre fez, votar contra o candidato do governo. Isso pode acontecer, é verdade. Mas de entender que numa campanha não adianta esperar que Deus produza milagres e que as vitórias caiam do céu como professoras. Tá na Bíblia: é preciso, cidadão e cidadã, que você faça sua parte. Assim.

Num faz seu correto aí não, pra você ver. Ficar parado ou ir devagar enquanto Caiado, Daniel e Mabel fazem a festa não é estratégia de campanha. É velório de si mesmo.

Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação Pública de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).
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