Rogério Cruz, Republicanos, Vanderlan Cardoso, Adriana Accorsi e outras avenças eleitorais

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Desde que o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, assumiu em definitivo a gestão, com a morte de Maguito Vilela, em janeiro de 2020, e principalmente depois que rompeu com o MDB, meses depois, a relação com o seu partido, o Republicanos, vive altos e baixos. A presença de nomes nacionais da legenda em cargos-chave da gestão, com incômodo claro do prefeito, só aumentou a percepção de aliados e da imprensa de que havia diferenças mal resolvidas entre as partes – e de que isso poderia terminar mal.

Ciúmes, disputas por espaço e outras avenças, mais o contexto político da época – Rogério dormiu vice e acordou prefeito, tendo que conciliar interesses do grupo que o indicou versus o dos emedebistas e maguitistas -, tudo contribuiu para o azedamento das relações dos ‘forasteiros’ republicanos com os goianos na equipe. Nesse meio tempo, recrudesceu também a relação do prefeito com os vereadores, aliados de primeira hora que, com o tempo, foram cobrando mais e mais espaços de poder.

No meio da guerra interna, do fogo amigo, dos embates com a Câmara, dos desgastes provocados por aqueles que deveriam protegê-lo, é que o prefeito foi tratando de administrar a cidade. Era como se Rogério quisesse trabalhar e pouco conseguisse. Isso explica em parte as avaliações baixas de sua gestão. Como sobreviver e ainda ficar bem aos olhos dos eleitores, aquele que não era para ser, mas de repente virou prefeito dos goianienses? E, pior: como sair-se bem se os principais adversários e inimigos não estavam lá fora, e sim dentro do Paço?

Rogério não teve um minuto de sossego. Como pode, vem se virando, livrando-se de uma crise com outra, acumulando novos desgastes e vendo sua imagem corroer-se. Assim, até chegar na contratação da consultoria do empresário e marqueteiro Jorcelino Braga. O que fez Braga? Um diagnóstico fino e um plano de trabalho para salvar a gestão e, possivelmente, viabilizar a reeleição de Rogério Cruz. O plano não é caminho fácil, porque a situação não é das melhores e o prazo urge. Para quem está no mandato com a imagem ruim, cada semana é um milagre a menos.

Na semana passada, a mão pesada do Republicanos exigindo melhor tratamento e espaços de peso na equipe administrativa, a cobrança dos vereadores também por mais espaços e o ultimato de Braga para que seu plano fosse logo colocado em prática, fizeram a temperatura no Paço Municipal subir. O prefeito, que vinha adiando uma anunciada reforma, resolveu agir. Marcou para esta semana uma coletiva que viria com novos auxiliares e a solução da crise instalada. Veio? Nem tanto.

O plano arquitetado para arrumar a gestão e abrir caminho para a reeleição foi iniciado. Parte dos vereadores foi atendida. Mas o conjunto da obra soou como tímido. O Republicanos, por exemplo, chegou a avisar, via seu presidente estadual, Hildo do Candango, que decidiu ficar fora da prefeitura. As negociações, porém, continuam. Rogério busca mais nomes para o secretariado e a retomada do diálogo com o seu partido, enquanto procura passar a ideia de que a vida segue, e para melhor.

Dá tempo?

Rogério Cruz tem convites de outras legendas para se filiar. No entanto, perder o Republicanos é poder perder no pacote o respaldo de sua igreja, a Universal do Reino de Deus. E aí? Entre os partidos que já o cortejaram está o PP. E não falta quem pense numa corrida ao União Brasil do governador ou ao MDB do vice. Será?

No contrapé dos problemas na base do prefeito, os outros pré-candidatos se mexem. Vanderlan Cardoso (PSD), por exemplo, é o nome da vez nas apostas de bastidores como favorito. Isso depois de o presidente da Assembleia, Bruno Peixoto (União), se apresentar para a disputa e sair a campo trombando inclusive com aliados, como Ana Paula, filha de Iris Rezende e Iris Araújo. Vanderlan entrou em conversas com o governador Ronaldo Caiado aproveitando o vácuo dos tropeços de Bruno.

Vanderlan conversa também com Daniel Vilela, que além de vice é presidente estadual do MDB e provável candidato à reeleição em 2026, com renúncia certa de Caiado. Certa porque o próprio Caiado falou disso. Na contabilidade dessa possível aliança: se Vanderlan vira prefeito, o seu primeiro suplente, Pedro Chaves (MDB), assume o restante do mandato. E ele deixando de ser candidato à reeleição em 2026, o caminho fica mais pavimentado para a provável candidatura ao Senado da primeira-dama, Gracinha Caiado.

O senador do PSD puxa um crochê que agrada a muitos e dificulta uma eventual absorção de Rogério caso este saia do Republicanos. Republicanos que, por sua vez, sem Rogério não teria problema nenhum em alinhar-se com Vanderlan e garantir espaço no poder depois de 2024, já que há boas relações entre o goiano e o presidente nacional do partido, Marcos Pereira. Caso Rogério e Republicanos se entendam, o que fica: ter o apoio do governador e Daniel será missão quase impossível.

À parte essas (des)amarrações há o PT cada dia mais animado com a pré-candidatura da deputada federal Adriana Accorsi. Adriana é nome natural e, de saída, já em empate técnico com Vanderlan nas pesquisas. E acrescente-se na história o PL, o Podemos, o PSB, o Patriota, o PSDB… Eles estão no jogo pra ganhar algo. Se não for a Prefeitura, que seja pelo menos parte, com divisão do poder já de antemão. Ah, o pragmático PP também.

Rogério não está fora da disputa do ano que vem. Ao contrário. Arrumando esse nó cego que o envolve, e seguindo a cartilha do plano alinhavado para a gestão e a reeleição, terá presença garantida. Como candidato ou, no mínimo, como protagonista da disputa. O caos que se vê neste momento pode ser a solução a caminho. Tudo depende mais dele do que de qualquer pessoa ou salvador da pátria. Rogério é o maior adversário hoje de Rogério, mas é também o maior aliado de amanhã.

*Texto publicado pelo Diário de Goiás

Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação Pública de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).
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